Evoco
a inamovível pedra
Onde
me busco e deponho meus silêncios.
Pórtico
e palco de longas esperas
E
festivas chegadas.
E
apaziguo meus demónios
E
limpo as escórias
E
sacudo poeiras e cinzas
E
o estertor dos mitos.
E
me celebro, pedra
Agora
ara. E vara do tempo.
E
mergulho, matriciais águas
E
desfile dos rostos. Que um a um nomeio
E
digo. Em murmúrio dos lábios.
E
em meus passos me ergo. E lavro.
Linhas
do meu rosto. E horizonte
De
meus dias peregrinos.
Manuel
Veiga
“Caligrafia Íntima” - pág. 94
“Caligrafia Íntima” - pág. 94
Poética
Edições – Maio 2017
7 comentários:
Mais um poema de excelência.
Parabéns pelo talento.
Caro amigo Veiga, tem um bom fim de semana e um Feliz Ano de 2020.
Abraço.
Buscar nos primórdios de nós as raízes e as crenças,
e lavar a alma no altar de todas as contingências
e circunstâncias e levantarmo-nos do chão purificados,
prontos para encarar o que a vida tem para nos oferecer.
E assim, caro Manuel Veiga, consideramos como oferenda
maior este seu Poema, uma viagem ao nosso íntimo e o
reconhecimento de que poderemos ir mais além.
Abraço
Olinda
Pedra inerte. Parece . Mas quantos mistérios e segredos nos guarda e quantas vezes pedra somos . Belíssimo poema , MANUEL
Feliz Ano Novo !
Olá ,
O novo ano acena e do ano velho apenas sobra uma mão-cheia de horas, minutos, sentimentos.
Ora,daqui a pouco, chega a nova primavera, verão, outono e inverno em dezembro e acaba o ano de novo.
Talvez seja por isso que acordei hoje tão cedo para desejar a todos um feliz ANO NOVO
É um poema intenso e profundo. Não abre logo a porta. Precisamos ser peregrinos da palavra e vara do tempo.
É,realmente, um poema maior que guardamos como referência.
Bravo, meu poeta amigo!
Abraço enorme.
Um marco de referência... onde toda uma vivência fica assinalada... carregando-se no rosto... e na poesia... quando se nela lavra... e se colhe a semente, de toda uma vida...
Um poema de raízes profundas... e inamovíveis...
Mais um notável momento poético, Manuel... Parabéns!
Beijinho
Ana
Na introspecção sacrificial, libertadora, a pedra nunca fica a mesma. Nem a física nem a poética, a inamovível, a pedra, é modelada.
Abraço.
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