quinta-feira, dezembro 26, 2019

Evoco A Inamovível Pedra...


Evoco a inamovível pedra
Onde me busco e deponho meus silêncios.
Pórtico e palco de longas esperas
E festivas chegadas.

E apaziguo meus demónios
E limpo as escórias
E sacudo poeiras e cinzas
E o estertor dos mitos.

E me celebro, pedra
Agora ara. E vara do tempo.

E mergulho, matriciais águas
E desfile dos rostos. Que um a um nomeio
E digo. Em murmúrio dos lábios.

E em meus passos me ergo. E lavro.
Linhas do meu rosto. E horizonte
De meus dias peregrinos.

Manuel Veiga
“Caligrafia Íntima” - pág. 94
Poética Edições – Maio 2017  

7 comentários:

Jaime Portela disse...

Mais um poema de excelência.
Parabéns pelo talento.
Caro amigo Veiga, tem um bom fim de semana e um Feliz Ano de 2020.
Abraço.

Olinda Melo disse...


Buscar nos primórdios de nós as raízes e as crenças,
e lavar a alma no altar de todas as contingências
e circunstâncias e levantarmo-nos do chão purificados,
prontos para encarar o que a vida tem para nos oferecer.

E assim, caro Manuel Veiga, consideramos como oferenda
maior este seu Poema, uma viagem ao nosso íntimo e o
reconhecimento de que poderemos ir mais além.

Abraço

Olinda

manuela barroso disse...

Pedra inerte. Parece . Mas quantos mistérios e segredos nos guarda e quantas vezes pedra somos . Belíssimo poema , MANUEL
Feliz Ano Novo !

alfacinha disse...

Olá ,
O novo ano acena e do ano velho apenas sobra uma mão-cheia de horas, minutos, sentimentos.
Ora,daqui a pouco, chega a nova primavera, verão, outono e inverno em dezembro e acaba o ano de novo.
Talvez seja por isso que acordei hoje tão cedo para desejar a todos um feliz ANO NOVO

Teresa Almeida disse...

É um poema intenso e profundo. Não abre logo a porta. Precisamos ser peregrinos da palavra e vara do tempo.
É,realmente, um poema maior que guardamos como referência.
Bravo, meu poeta amigo!

Abraço enorme.

Ana Freire disse...

Um marco de referência... onde toda uma vivência fica assinalada... carregando-se no rosto... e na poesia... quando se nela lavra... e se colhe a semente, de toda uma vida...
Um poema de raízes profundas... e inamovíveis...
Mais um notável momento poético, Manuel... Parabéns!
Beijinho
Ana

Agostinho disse...

Na introspecção sacrificial, libertadora, a pedra nunca fica a mesma. Nem a física nem a poética, a inamovível, a pedra, é modelada.
Abraço.

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