sábado, dezembro 21, 2019

DULCÍSSIMA HORA ...


Derrama-se o canto sobre a mesa alva
E a noite fria. Agora é este lume
De teus murmurados dedos.
E a frágil linha de teus cabelos
Brancos. Desfiados
Como linho.

Meu rosto são teus olhos.
Arfar do peito meu. E esta miragem
No esconso tempo.

Desprendo em teu regaço lírios de outrora
E componho o musgo. E a hera.

O Menino sou eu.
E a lágrima é tua lá no Céu.
Dulcíssima a Hora.

Ilumina-se o esplendor dos anjos em redor.
Meu vagido, teu seio. E este milagre de ti.

Não há incenso, bem sei.
Apenas a mulher parida. E o filho incréu
De joelhos a entoar tua bênção

“Glória in excelsis Deo!…”


Manuel Veiga
In “Do Esplendor Das Coisas Possíveis”
Poética Edições – Lisboa 2016




FELIZ NATAL...

16 comentários:

Ana Tapadas disse...

AH! Que maravilha!


Um Ano Novo melhor.

Beijo meu

Tais Luso de Carvalho disse...

Que belo poema, meu amigo!
Dulcíssima Hora, e com toda essa sensibilidade que somos envolvidos no Natal, nossa infância e mil recordações das mais felizes até as que não foram lá tão boas, esse poema se encaixa em nossa memória, e com pensamento nos nossos que já se foram, com seus brancos cabelos e que são muito lembrados nessa época.
Desejo ao meu querido amigo poeta Manuel e sua família um lindo Natal e um 2020 alegre e coberto de poesia. Um ano bem leve.
Até início de janeiro, quando estarei de volta ao blog!
O Vídeo é maravilhoso!
beijos, amigo.

Emília Pinto disse...

E junto ao lume passei muitos natais, sem luxos mas de uma felicidade muito grande; dias antes era feito o presépio com um pinheirinho trazido pelo meu irmão, enquanto eu, mais novita, me encarregava de apanhar o musgo que servia de tapete às imagens coloridas. Agora, há mais nostalgia, há perdas que doem, há ausências que a vida separou. Mas, há os presentes, principalmente as crianças que sonham com essa noite mágica e portanto, há que pensar que elas merecem a nossa alegria. É isso, Amigo, que te venho desejar, que o teu Natal seja alegre, junto da família, em harmonia , pois isso, sim,é o verdadeiro Natal e que o novo ano teedê muita saúde a ti e aos teus. Agradeço imenso a atenção dada ao começar de novo e, enquanto a vida o permitir, aqui estarei com a minha sincera amizade. Um abraço, Amigo e Boas Festas
Emilia



Teresa Almeida disse...

“Glória in excelsis Deo!…”

É o que o teu poema me sugere.

Brilhante, meu amigo!

BOAS FESTAS!

Um beijo.

Olinda Melo disse...


Um "Presépio" vivo.
E eu comovo-me com essa sua capacidade
de emprestar um cunho tão pessoal a essa
dulcíssima hora, trazendo-a para perto
de nós, testando-a como humanos que somos
e fazendo-a nossa.

FELIZ NATAL, MEU AMIGO.

Abraço

Olinda

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo, Manuel.

Feliz Natal!

Graça Pires disse...

Este teu poema é maravilhoso!
"O Menino sou eu.
E a lágrima é tua lá no Céu.
Dulcíssima a Hora." Tão belo! Gosto mais de cada vez que te leio…
Um Natal com Amor e alegria para ti e toda a tua família. Que 2020 te traga tudo o que desejas.
Um beijo meu Amigo.

Majo Dutra disse...

~~~
As coisas que tu crias e recrias!
A tua natividade ficou muito bela.
Sempre gostei de te ler, mas tu não
acreditavas na minha avaliação...
Festas calorosas e felizes.
~~~~~

Maria Rodrigues disse...

Belíssimo poema.
Desejo-lhe um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde, alegria, incontáveis momentos felizes, sonhos realizados, paz e amor.
Um grande abraço

Marta Vinhais disse...

E que haja Paz....
Festas Felizes...
Beijos e abraços
Marta

Pedro Luso de Carvalho disse...

“Derrama-se o canto sobre a mesa alva
E a noite fria. Agora é este lume
De teus murmurados dedos.
E a frágil linha de teus cabelos
Brancos. Desfiados
Como linho.”

Esta é a primeira estrofe de DULCÍSSIMA HORA ..., belíssimo poema de autoria do Poeta Manuel Veiga, que compõe o seu livro “Do Esplendor Das Coisas Possíveis”, editado pela Poética Edições – Lisboa 2016. Parabéns ao Poeta!
Desejo ao amigo uma bela festa de Natal com seus familiares.
Bom Ano Novo, com saúde e inspiração, caro amigo Manuel.
Um abraço.
Pedro

Ulisses de Carvalho disse...

Teus poemas têm a tua assinatura sempre bem perceptível, Manuel, de longe se pode ver que são palavras tuas. Espero que tu tenhas bons dias e noites pela frente, um abraço!

Agostinho disse...

Um poema de/no Natal com a marca inconfundível de MV, aliás, dispensar-se-ia a assinatura por baixo para que se reconhecesse o autor.
"Meu vagido, teu seio" a maravilha da relação que perpetua gerações. Poderia apontar outros momentos altos ao longo do poema. Apenas mais um, logo no início. O Poeta invoca a brancura presente nas coisas - na mesa e na noite:a Natureza replica-se de alfa e ómega. E o eu menino!!!
Que os homens saibam ser dignos do renascer natalício.
Abraço de boas festas.

Pata Negra disse...

Não há poesia que resista a um Bom Natal! O meu verso: Boas Festas pá!

anamar disse...

BEIJO GRANDE DE BOAS FESTAS E UM 2020 PLENO DE INSPIRACAO, OU NAO SEJA ESSE O TEU ESTADO PERMANENTE.
ANA

Ana Freire disse...

Uma assimilação belíssima do espírito do Natal...
Sensibilidade poética, como sempre, ao mais alto nível, por aqui!
Estimando que tenha passando esta quadra de um modo muito feliz, na companhia de todos os seus... desejo-lhe um muito feliz, inspirador e inspirado 2020, Manuel!
Beijinho!
Ana

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...