No
território da palavra
Onde
todas as confluências se espraiam
E
por vezes despontam amistosas
Cores.
E sedutoras paisagens.
Nesse
universo de sílabas seminuas.
E
transumância de afectos
Onde
a língua se desata
E
molda os sons
E
antecipa todos
Os
nomes
Palato
e bocas a derramarem-se
Excessivas.
E as formas em cascata
A
inaugurarem o corpo. Lago ou rio
Na
profusão das águas.
Nesse
abismo de caudalosos ritos
E
vertigens. Pauta em que te invento
Música
atonal. E avidez
Do
murmúrio
E
todas coisas se erguem
Fala
muda. E hino
Que em ti digo
Manuel
Veiga
9 comentários:
Beautiful
Gosto muito das falas mudas. Não só na poesia.
Ou principalmente não na poesia.
Há alturas em que a palavra ou é excessiva ou perverte de alguma forma.
Nem tudo é dizivel.
Um delicioso baile de imagens e antíteses
nesta tua eloquente fala muda...
Tudo pelo melhor, poeta amigo.
O meu abraço.
~~~
Olá, Manuel, o tema abordado no poema é objeto para boas e necessárias reflexões.
Muitas palavras devem ser muito pensadas com frequência, pois quando não mutilam, matam nossa alma, nosso espírito. É preferível as palavras quando elas saem do silêncio do olhar.
Belíssimo poema.
Beijo, meu amigo!
Caro Manuel Veiga
Esse hino em música atonal fala bem da ausência de escala hierárquica,
não carecendo de tom ou som que despertem palavras, em que
as águas seguem o seu curso livremente. Uma fala secreta e silenciosa
que transborda das margens e invade a área dos murmúrios.
Belo Poema, num estilo que amamos.
Abraço, meu amigo.
Olinda
Um lindo poema de amor!
A palavra é teu território, "um abismo de de caudalosos ritos e vertigens".
Poesia de uma intensidade arrebatadora.
Emoção e aplausos foi o que pude observar, de forma virtual, na CTMAD. Merecidíssimos, já o disse.
Meu abraço de grande amizade e apreço.
E a poesia, será mesmo o Universo e instrumento privilegiado de revelação de sentires... que a realidade dos dias, às vezes não nos deixa sequer conseguir nem idealizar... quanto mais expressar em palavras...
Mais um momento poético, por aqui, ao mais alto nível, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana
A um só tempo o poeta "pensa" o ato da escrita e concebe pelas "confluências" que se espraiam" "no território da palavra" o corpo desejado do poema. Cresce em silêncio. "E hino que em ti digo".
Um abraço, caro Manuel!
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