Arrasta o canto itinerários
de água
Caligrafia oculta que
os gestos percorrem
Em fervor. E se
desenham no rosto inconformado
Dos dias.
Solstício embora é o calcário
E a sombra a articularem
a matriz.
Estalactites de
sangue a irromperem
Como raízes fecundas.
Fio aceso
A crescer nos
dedos e a dar forma
À subtil
condensação que se ergue
Na rota do peito
onde desagua.
E em rebeldia se
desnuda.
Litania agora. E
sobressalto e lume
A tatuar sinais e
a exorcizar o tempo
Escasso. Ponto de
redenção e fuga –
Sopro e voo. E o
cântico. E a marca de água.
Em que o poeta se
inaugura.
Grão de fogo. Rumor
íntimo.
Manuel Veiga
11 comentários:
Sublime. Lirismo e sedução a formar o poema perfeito. Gostei muito
Saudações
Mais um poema fantástico!! :)
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Enquanto a vida for vida tens a minha gratidão.
Beijos e uma excelente tarde! :)
Teus itinerários são íntimos desabares de vida. E soltas torrentes de palavras que prendem como "grãos de fogo". São "Redenção e fuga".
Beijo, querido poeta.
Este poeta não se cansa de se inaugurar, embora esteja sempre se derramando os "rumores íntimos" que para a alegria do leitor sempre fervilham ou borbulham "no peito onde deságuam".
Como sempre tem o endosso do que é o fazer poético!
Um abraço, caro amigo!
“E em rebeldia se desnuda.
Litania agora. E sobressalto e lume
A tatuar sinais e a exorcizar o tempo
Escasso. Ponto de redenção e fuga –
Sopro e voo. E o cântico. E a marca de água.
Em que o poeta se inaugura.
Grão de fogo. Rumor íntimo.”
Com sua licença, amigo Manuel, transcrevo no comentário o final deste seu ótimo poema, como uma forma de realçar o que está editado, para chamar a atenção de estudantes e de jovens poetas.
Um bom final de semana, poeta, com os cuidados com o coronavírus.
Um abraço, caro Manuel.
Grão de fogo. Rumor íntimo.
Expressões surpreendentes. Aparentemente antagónicas.
Do grão que germina, se ramifica em flor e fruto. E o fogo
mítico e místico que purifica e redime.
Em consonância se somam o canto da água,
os gestos, os dias curtos, o fio aceso que cresce nos dedos,
e o encantamento que explode no peito.
Mas é tempo também de rebeldia. Ponto de fuga
que o tempo não pára e há que cumpri-lo.
Cântico dos cânticos.
Ode à pujança da vida, que emociona.
Rumor íntimo. Doce e apaziguador.
E a marca de água. A marca do Poeta.
Que escrita, esta!
Manuel Veiga, um abraço.
Olinda
Tão belo que poderia «dar» uma aula...mas seria esquartejá-lo, dissecá-lo com a frieza que aqui não uso.
Beijo
A viagem pelo Mundo...cores tristes e as rebelde que se encontram e desencontram...
Lindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Grande Paco , condizendo com a beleza do teu poema.
Beijo e bom Junho
"Fio aceso a crescer nos dedos" a esculpir este maravilhoso poema.
Parabéns, Manuel. Um poema de excelência
Uma boa noite.
Ailime
A intimidade é um lugar numa geografia
o Poeta faz/fez evoluir a fraseologia que carrega de símbolos,
ora mais densa a exigir agudez no soletrar do verso
ou mais aberta e livre de máscaras
como no poema da mensagem posterior.
Abraço, Amigo Manuel Veiga.
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