quarta-feira, julho 22, 2020

DIVERTIMENTO POÉTICO ...




Nego a perfídia de teus olhos

Ainda que mintam...

Quero-os assim corsários
Lago dos meus. Assaz perdidos...

Nego a perfídia das palavras
Ainda que insónia...

Quero-as assim a corroer por dentro
Em mágoa e fel…

Nego a perfídia de teu corpo
Quero-o em vertigem e frémito
Ainda que finja...

Nudez alva.
Ainda que fria...


Manuel Veiga



5 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Gostei muito do que li e ouvi, Manuel.

Abraço

Teresa Almeida disse...

Um jogo divertidíssimo ainda que sério. Alguém que se dá a quem se nega.E não engana.
Estrutura poética que atrai e obriga a um sobe e desce verso a verso.
Realmente, caro amigo Manuel, que inspiração fabulosa! Marcante.

Um beijo matinal.

Teresa Almeida disse...

Nem posso sair sem fazer referência à melodia que, para além de ser muito bela, fere e reclama. Amei "Novas vos trago".

José Carlos Sant Anna disse...

"O homem que diz sou não é porque quem é mesmo..." Belo divertimento, como diz a amiga comum,Teresa, "se nega e se entrega". E a melodia dos versos segue ecoando...
Um abraço, meu caro amigo Manuel!

Olinda Melo disse...


Sente-se o gosto do Poeta na construção deste Poema,
quase uma lenga-lenga, numa toada que embala e ao
mesmo nos põe em sentido. Negação-aceitação e seja
o que os deuses quiserem. Os deuses e o sujeito,
pois que este está bem consciente dos perigos que
o espreitam.

Jogo quase de "escárnio e maldizer", bem rematado
pela música que lembra os jograis.

Abraço

Olinda

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...