sábado, outubro 31, 2020

E Os Corpos Se Redimem...


Visto-te de palavras. Dúcteis.

Daquelas que derramadas sobre a pele

Se incendeiam. Balsâmicas.

As salivas

 

Escorrem pelos lábios labaredas

E se derretem na boca e descem

Líquidas. As palavras.

Bem ao fundo.

Cântico

 

E gargantas.

A gemer murmúrios

 

Tão livres. As palavras

Ardem. E os corpos se redimem

Brasa acesa.

 

Manuel Veiga




8 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Está tão estragado, o meu corpo, que não sei se um oceano de palavras bastará para o redimir...

Abraço, Manuel!

José Carlos Sant Anna disse...

Nas palavras.
Febre, fantasia.
E o lume a alimentar
a sede
que nos corpos havia...

Um abraço, caro amigo Manuel!

Pedro Luso de Carvalho disse...

O poeta, meu amigo Manuel Veiga, sabe bem da corrosão e da doçura da palavra, destruição de salvação. Belíssimo poema.
Uma boa semana, com muita paz, nesse momento sério em que retorna o vírus.
Grande abraço, Manuel.

Cidália Ferreira disse...

Adorei o poema! :))
**
O Paraíso Enfeitado ... 🙏
*
Beijo, e um excelente Domingo: Dia de todos os Santos.
Fique em casa, se puder! :)

Teresa Almeida disse...

Tão flexíveis e sincronizadas - as palavras. E tão ajustadas à estética e à pulsão de um belo tango.

Um poema moldado como quem dedilha um corpo.

Beijo, Manuel.

Graça Pires disse...

São as palavras líquidas que incendeiam os lábios para mitigarem depois a sua sede...
Belo, como é costume.
Uma boa semana, meu Amigo.
Cuidem-se bem.
Um beijo.

Olinda Melo disse...


Um Poema incendiário, diria.
Tudo derrete à sua passagem.

Salva-se a redenção dos corpos
pelo derrame das Palavras.

O Cântico dos Cânticos.

Manuel Veiga, magnífica a sua escrita.

Abraço

Olinda

Ailime disse...

Boa noite Manuel,
Um poema belíssimo repleto de paixão e sensualidade.
Gostei imenso.
Um beijinho,
Ailime

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Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...