quarta-feira, novembro 25, 2020

CHUVA MIUDINHA ...


Gosto da chuva, sim. Chuva-chuva.

Chuva molhada. Chuva benigna

E entrar em nós. E na terra

Como húmus. E raiz.

E, por vezes, mágoa…

 

Gosto da chuva, sim. Chuva excessiva

A galgar as margens. E a dizer-se

Lezíria e lago. Ou cachoeira.

 

Gosto da chuva, sim. Chuva festiva

A tamborilar canções. Como dedos

Na janela. E o bater de corações

Em desalinho dos lençóis.

 

Gosto, sim. De teu corpo-lume

A pedir chuva miudinha.

E a fazer negaça.

E a desdizer-se

Em graça –

Fogo e água

Divina...


Manuel Veiga




12 comentários:

Boop disse...

Gosto de chuva sim!
:)

Elvira Carvalho disse...

Eu também gosto de chuva, e de poesia. E aqui encontrei as duas interligadas e muito bem estruturadas.
Adorei o poema.
Abraço e saúde

Teresa Almeida disse...

A chuva é benfazeja e inspiradora. E são vários os caminhos que ela galga neste poema. Ora miúda, ora cachoeira. Graciosa e festiva. E quem se desvia os adjetivos que a vestem tão bem? É de reler para lhe seguir a insinuante trilha melódica.

Beijo, meu amigo Manuel.

Marta Vinhais disse...

A chuva faz-nos companhia, desenha-se na janela, escreve-se no rosto.
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Juvenal Nunes disse...

Já diz o Aquilino Ribeiro que a chuva é «... uma das providências do homem.»
Abraço poético.

Jaime Portela disse...

Um mundo sem chuva não seria o mesmo.
Por isso, bem-haja a chuva que de vez em quando nos cai por cima.
E bem-haja o autor de tão magnífico poema.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.

Manuel Veiga disse...

Juvenal Nunes,

o Aquiino Ribeiro é uma excelente companhia, obrigado!
é um "mestre" da Língua e - dzem-me - tinha pontaria certeira na caça à perdiz... rss

abraço poético

Emília Pinto disse...

Nem sempre gosto de chuva, por mais benéfica e essencial que a considere; a " chuva miudinha " torna os dias de inverno ainda mais tristes; como uma cortina , impede que o sol que sempre nasce, apareça e nos dê um pouco de ânimo nesses dias; gosto de sol...faz-me falta e por isso, prefiro a chuva forte que de repente cessa e permite que o sol espreite e por momentos nos dê " o ar de sua graça ". Depois há a outra chuva, aquela dita torrencial, que cai, sem dó nem piedade, arrastando tudo o que encontra pela frente, deixando um " mar de destruição ", nao3 se importando com as vidas que tal enxurrada destrói. Não é culpa da chuva...nunca é culpa da natureza; a chuva cai, no seu propósito de molhar a terra e seguir o seu rumo através dela, Mas, onde está a terra? Onde estão as árvores que a chuva gostaria de regar? Onde estão os pastos esperando a água que os tornaria verdejantes? São poucos, muito poucos...em vez deles, camadas de asfalto negro que não sabem acolher a chuva....não foram preparados para esse acolhimento e a deixam seguir...sem rumo...sem refúgio...sem colo. Manuel, lindo poema à chuvinha benfazeja...
SAÚDE, Amigo e um bom fim de semana, dentro dos possiveis. Beijinhos e obrigada!
Emilia🌨🌞🌈

José Carlos Sant Anna disse...

Também gosto da poética da chuva, em particular desta,
e do seu jeito de sutilizar a vida com tanta poesia.
Cuida-te, caro poeta e, ao mesmo tempo,
cuida dos lençóis de lágrimas das nuvens!
Abraços, caro poeta!

Tais Luso de Carvalho disse...

Gosto da chuva, sim!
De qualquer chuva, ela nos proporciona o aconchego no lar, nos livros e um gostoso encontro para ler, escrever e pensar, coisa que o sol não tem essa capacidade. O sol traz muita alegria, todos querem sair e a diversão é a companheira; a chuva é a introspecção, o pensamento, a vida interior. Mas precisamos dos dois, só assim viveremos o equilíbrio.
Beijo, meu amigo Manuel, um bom domingo, faça chuva ou faça sol!

Graça Pires disse...

A chuva a ser amada por quem tudo sabe de paixões. Lindo, meu Amigo Manuel!
Cuide-se bem.
Um beijo.

Olinda Melo disse...


Sentir chuva miudinha molhar-nos o corpo e a
alma, em louvor a todos os mistérios de que a
vida se compõe, coloca-nos no centro de belas
emoções.

Assim este seu Poema, amigo Manuel Veiga. Nele
seguimos o caminho das chuvas e de nascentes
que poderão transformar-se em cascatas.

Abraço
Olinda

CELEBRAÇÃO DO TRABALHO

  Ao centro a mesa alva sonho de linho distendido como altar ou cobertura imaculada sobre a pedra e a refeição parca… e copo com...