sábado, novembro 21, 2020

UM LUME INSUBMISSO ...


Há neste tempo um prenúncio

Uma espera que germina

Uma fala inesperada...

 

Um murmúrio, uma corrente.

Há um rio que se advinha.

Um rosto. Um desatino

Uma ferida que sangra

E uma sede desatada...

 

Há um sopro em cada esquina.

Uma promessa. Uma viola.

Uma canção que se afina.

Uma passagem. Uma senha

E uma luta pegada.

 

Há um poema sem rima.

Uma viagem. Uma flor. Uma arma.

Uma fronteira vencida.

Há um vento que se anuncia

E uma dor aziaga...


Há um barco que se levanta.

E há uma ousadia sonhada...


Há um lume insubmisso.

Um hino. Um punho. Uma bandeira

E esta paixão magoada ...

 

Manuel Veiga

(Poema Editado)




11 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poema deslumbrante. Elogiável inspiração e criatividade poética.
.
Bom fim de semana

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, caro amigo Manuel Veiga,
li com merecida atenção esse seu poema, certamente criado num daqueles momentos em que o poeta sente-se elevado. Um poema de grande vigor. Um poema de grande beleza.
Gostei muitíssimo.
Um bom domingo, Poeta.
Grande abraço.

Maria João Brito de Sousa disse...

Assim se exalta essa fagulha insubmissa, Manuel.

Forte abraço!

José Carlos Sant Anna disse...

Resistir é a palavra de ordem, caro Manuel, e não nos falta razão para tanto, sobretudo se há "uma paixão magoada".
Que força rítmica e melódica a anáfora dá ao poema...
Um abraço, meu caro amigo Manuel!

Cidália Ferreira disse...

Um poema excelente!:))
--
Um rosto sombrio...
-
Beijo e um excelente Domingo

Graça Pires disse...

E há as tuas palavras, poeta insubmisso...
Magnífico poema.
Cuida-te bem, meu Amigo.
Uma boa semana.
Um beijo.

Tais Luso de Carvalho disse...

...e os caminhos assim seguirão seu percurso em bravas lutas, onde tudo tende a ser indomável, rebelde, cada vez mais. A liberdade grita sempre.
Beijo, meu amigo, belíssimo poema! Estamos num momento de pensamentos, de poemas e textos fortes.
Uma boa semana!
beijo.

lis disse...

Achei muito lindo e como disse Saramago no seu ' O Ano da Morte'
_ entre o céu e o mar, há também o metrônomo da proa a subir e a descer, o balanço da vaga, o horizonte hipnótico ..."
Caberá ao coração acertar a previsão 'do vento que se anuncia, Mveiga
Parabéns! escreves lindamente!

Olinda Melo disse...


Poema em crescendo que nos acrescenta emoção
a cada verso. Como comentá-lo?
Apenas lê-lo
e saborear cada palavra onde se descobre
um mundo a cada esquina, uma indefinição, uma
dúvida, uma saudade, uma dor.
E uma luta
de ideais feita com a marca de um punho,
uma bandeira, postados num desejo imenso
que nada abate.

Manuel Veiga, meu amigo, obrigada por
partilhar connosco a sua bela escrita.

Abraço
Olinda

Teresa Almeida disse...

Há uma sede que se adivinha. Há canções, correntes, lutas e feridas. Há, sobretudo, um ideal nunca traído.

Caro amigo Manuel, é ousadia entrar a eito no teu "lume insubmisso". Mas há algo que dou como garantido: cada poema é uma vitória literária.

Beijo.

Emília Pinto disse...

Há sim, Manuel, um tempo de " prenúncio, de tempos, num futuro muito próximo, tão próximo que já doi demais, que já angustia muitos corações; tempos de lágrimas correndo rosto abaixo, de saudadee...de dor pelas perdas sofridas, pelas ausências dos que poderiam estar junto de nós, sentados à mesma mesa em alegre convivio, festejando a união de todos os membros de uma familia, seja ela pequena ou grande. É certo que " festejar " a união familiar deveria ser preocupação diária e não só nestes dias de Natal, mas assim foi determinado há várias gerações e para muitos, o não cumprimento destas tradições causa um sofrimento muito grande. Outros tempos melhores virão com certeza, tempos que continuarão a ser também " prenúncio " de outras ausências, outras dores maiores, de muitas outras saudades, saudades de tempos passados e momentos felizes, saudades doídas dos que partiram para sempre e que nunca mais sentarão à nossa mesa, saudades de podermos estar juntos, mas, algo nos obriga a estar afastado. Sempre houve tempos dificeis, ha-os agora muito estranhos e complicadissimos e haverá outros, amanhã e depois, sempre diferentes, alegres, saudosos, sofridos. É a vida a girar " feito roda viva " como cantou Chico Buarque, Manuel! A vida manda e nós, com punhos cerrados de raiva ou de mãos erguidas agradecendo temos de obedecer, vivendo. Beijinhos, querido Amigo e que o teu tempo de agora seja " prenúncio " de um amanhã melhor, com SAÚDE para todos
Emilia

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