sexta-feira, abril 23, 2021

SEARA NOVA - 100 anos de Acção e Pensamento Crítico


A Revista SEARA NOVA faz cem anos de existência e publicação regular. As comemorações do centenário têm início no próximo dia 11 de Maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, com uma Sessão Pública de apresentação do Programa Comemorativo, que terá a participação do Director da Revista, do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e da respectiva Vereadora da Cultura e a presença de representantes da Comissão de Honra, bem como representantes das entidades parceiras da iniciativa (Biblioteca Nacional de Portugal, Museu do  Aljube, Torre do Tombo, Rede de Bibliotecas Públicas, entre outras)-

O primeiro número da revista SEARA NOVA foi publicado no dia 15 de Outubro de 1921. Viviam-se tempos conturbados em Portugal, marcados por enormes desigualdades socais, consideráveis atrasos económicos, baixo nível cultural da população, ausência de valores e de preocupações éticas entre as elites, alastramento da corrupção entre os detentores dos poderes e um regime político de mentira e incompetência.

Os fundadores SEARA NOVA - Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Faria de Vasconcelos, Ferreira de Macedo, Francisco António Correia, Jaime Cortezão, Raul Brandão e Raul Proença - opunham-se ao que designavam de "desastre colectivo" e pugnavam pelos valores da inteligência, da cultura, da ética, da justiça e do progresso.

No primeiro editorial escrevia-se: "A Seara Nova não pode proceder como se uma maior justiça social não fosse possível, como se o socialismo não representasse uma promessa de realização dessa justiça. Todas as suas simpatias vão, pois, para os que lutam, dentro da ordem, dos métodos democráticos e desse espírito de realidades sem o qual são inteiramente ilusórias quaisquer reformas sociais, pelo triunfo do socialismo".

Ao logo do seu centenário, escreveu na SEARA  NOVA e animou as suas páginas uma notável plêiade de ilustres intelectuais, como Adolfo Casais Monteiro, Agostinho da Silva, Alberto Vilaça, Alexandre Cabral, Alves Redol, Armando Castro, Augusto Abelaira, Bento de Jesus Caraça, Blasco Hugo Fernandes, Fernando Lopes Graça, Fernando Namora, Francine Benoît, Francisco Pereira de Moura, Gago Coutinho, Gilberto Lindim Ramos, Hernani Cidade, Irene Lisboa, Rodrigues Miguéis, José Saramago, José Gomes Ferreira, Magalhães Godinho, Magalhães Vilhena, Manuel Mendes, Manuel Machado da Luz, Mário Azevedo Gomes, Mário Sacramento, Mário Sottomayor Cardia, Mário Ventura, Jorge Peixinho, Jorge de Sena, Rogério Fernandes, Rui Grácio, Sarmento de Beires ou Vitorino Nemésio.

A SEARA NOVA foi sempre um espaço de diálogo, de abertura às ideias do progresso, de rigor ético, de investigação e de divulgação cultural, criando esse fenómeno ímpar que se tem designado por “espírito seareiro”. Na Resistência ao fascismo, a revista, mesmo quando gravemente mutilada pela censura, foi um farol democrático e espaço de elevadas polémicas e de valiosas colaborações de toda a intelectualidade progressista. A partir da década de 60 do século XX atingiu mesmo o estatuto de grande revista da Resistência antifascista, mantendo ao mesmo tempo o seu forte pendor cultural. E, neste plano, teve intervenção directa e importante papel em momentos altos da luta democrática e de resistência ao fascismo, como eleições de Humberto Delgado, Congressos da Oposição Democrática de Aveiro ou campanhas eleitorais das CDE.

Depois de um período de redefinição, após a revolução do 25 de Abril de 1974, nos anos 1980, SEARA NOVA renovou o seu projecto de intervenção, apostada nos valores de Abril, ou seja, a plena realização dos valores da democracia, do progresso, da justiça social, da solidariedade e da Paz, sempre inspirada e animada do “espírito seareiro” , cujos princípios e valores continua a perseguir, cem anos passados da sua fundação.

A Comissão Promotora do Centenário integra João Luiz Madeira Lopes, Director da Revista Seara Nova, Luís Andrade,  Director do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e Coordenador do Conselho Científico das Comemorações, Francisco Zarco, Designer gráfico, Responsável pela Exposição Itinerante e pelo projecto gráfico das Comemorações do Centenário. 

E ainda Maria João Milhano, Hélio Bexiga Viegas, Manuel Veiga, Catarina Pires, membros do actual Conselho Editorial, bem como, Levy Baptista, anterior Director da Revista e Fernando Correia, antigo membro do conselho redactorial.

M.V.



25 de Abril, Sempre!

e venham mais cinco de uma assentada

que não faltará quem pague!... 

7 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Forte abraço, Manuel!

Olinda Melo disse...


Seara Nova - Cem anos de uma Revista Cultural que tem seguido passo a passo a evolução da vida política portuguesa, bem como os seus aspectos económicos e sociais.

Congratulo-me com o início das Comemorações no próximo dia 11 de Maio.

Desejo muitas felicidades à Seara Nova nas pessoas do seu Director e Conselho Editorial de que faz parte o nosso querido Poeta Manuel Veiga.

Grande abraço.
Olinda

Manuel Veiga disse...

Olinda, minha amiga,

neste contexto, o meu nome é mera circunstância, nota de rodapé (ou nem tanto) nas páginas da SN.

mas agradeço a gentileza, que sei ser genuína.

beijo

Graça Pires disse...

Cem anos da Seara Nova. Que continue fazendo o excelente trabalho político-social. Parabéns!
Desejo para ti um bom dia da Liberdade.
Saúde e uma boa semana.
Um beijo.

Olinda Melo disse...


Pois, Manuel, meu amigo,

"O homem e a circunstância", quer queiramos quer não.
E assim se escrevem os dias.

Beijo

José Carlos Sant Anna disse...

Pois, Manuel, meu amigo, queria era poder participar da festa.
Congratulo-me com toda a equipe que cuida das comemorações e desejo muito êxito nos festejos.
Seara nova é uma esquina que permanecerá aberta a todos os transeuntes que amem a Liberdade e desejem a transformação social.
Um abraço, caro amigo!

Agostinho disse...

A responsabilidade é enorme.
Parabéns, Manuel Veiga.

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