terça-feira, maio 04, 2021

AURORA DOS TEMPOS...


Na subtil vibração das coisas

Onde se desenha o fluxo imaculado

De todas as águas. E os ventos são início

E sopro criador em busca de forma

Que lhes defina o perfil

E lhes conceda substância

E cor. E os nomes determinação

E movimento…

 

E a música apenas

Bruma atonal em trânsito

A acender o fogo

E o frémito dos corpos

 

Nessa inconstância primeva

De afectos. E na incisão do tempo

Sujeito de acasos

 

Revolvo a matriz das coisas perecíveis

E daquelas que são luz e irradiam

E daquelas outras que são raiz

E permanecem.

 

E te digo prenúncio, verso e reverso

E te inauguro femina – cálice e semente! –

E bem te digo guardiã de ritos. Iluminação

E sombra. Murmúrio e grito

E Aurora dos Tempos …

 

Manuel Veiga

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Nota - Contra meu desejo, razões de força maior têm impedido a minha visita e comentários nos blogs da minha estimação. Em breve será reposta a regularidade das visitas, Assim, espero! 

Beijos e Abraços!


9 comentários:

Emília Pinto disse...

E assim são os tempos, Manuel, tempos em que amamos, choramos, rejubilamos, mas sempre em constante mudança, mesmo que os sentimentos e emoções sejam as mesmas; são as mesmas, têm o mesmo nome, mas são diferentes no modo como as sentimos e vivemos. Os tempos de agora são estranhos e, apesar de todos nós já termos passado por tempos dificeis, não sei...de uma estranheza igual a esta, creio que não! Não sabemos muito bem como lidar com estes ventos que sopram desordenados, de um lado e de outro, varrendo para longe as esperanças e os sonhos de tanta gente e arrastando outros para uma viagem sem volta.É assim, a vida, Amigo, umas vezes bela, outras nem tanto e para uma grande maioria ela sempre é horrorosa, sempre com sofrimento, como se fossem seres colocados cá para esse fim, sofrer e sofrer...
Espero que a tua ausência não seja motivada por problemas de saúde, pois os outros, Amigo, de um modo ou de outro resolvem-se. Não te preocupes e demora o tempo que for necessário. Os Amigos entendem. Um beijinho
Emilia

Janita disse...

Caro Poeta, continue a revolver tudo o que lhe puder trazer ao de cimo, palavras imperecíveis e belas.
Não se preocupe com as visitas.
Cuide-se e seja feliz.

Um abraço com amizade.

José Carlos Sant Anna disse...

E assim somos, diferimos do que fomos. E seguimos "revolvendo a matriz das coisas perecíveis... sempre inaugurando poemas para não serem esquecidos...
Relaxe, caro poeta, você é "raiz e permanece"
Um abraço, caro amigo!

Olinda Melo disse...


AURORA DOS TEMPOS.
Título que faz jus à magnífica descrição do Poeta
dos passos por que passou a nossa evolução, quando
o acto da Criação gizava a forma dos seres, das
coisas e a essência dos afectos.

E é nessa bruma, nessa múscia atonal que ele vai
buscar, e encontra, a sua Musa. Ele próprio toma
parte nesse momento irrepetível e coroa-a dos
mais belos predicados e trá-la para este Poema onde
a Alma e o talento fazem a sua morada.

Como o Poeta diria "Como se fora invenção minha".

Grande abraço, Manuel Veiga.
Olinda

Teresa Almeida disse...

Este é um ato de criação de grande nível. E eu revolvo palavra a palavra para apreender a mensagem que nunca se esgota.

Grande abraço, querido poeta Manuel Veiga.

" R y k @ r d o " disse...

O tempo muitas vezes parece esquecer-se do tempo que o tempo tem. Por isso vivamos a vida enquanto há tempo
Gostei muito do poema. Lindíssimo.
.
Abraço
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Tais Luso de Carvalho disse...

Sabe, meu amigo, a vida nada mais é do que tristeza e alegria, dia bom, outro nem tanto; dias de lágrimas, outro de sorrisos. E é nessa corda bamba que temos de conseguir o equilíbrio e a esperança de dias melhores, e dá para encontrar, aceitando que assim são as coisas e assim é a vida. Hoje está triste o dia, amanhã será alegria. Acho que as coisas podem ficar mais fáceis, hoje, por exemplo, é o Dia das Mães aqui no Brasil. Metade feliz, metade triste! Isso porque temos nossos filhos vivos e felizes, mas muitas mães, já partiram... filhos, partiram.
Mas o bom, é quando olhamos para frente, e podemos ver outro horizonte, sim, ele vem. Estamos atravessando uma fase horrorosa de pandemia, mas precisamos aguardar o amanhã, será claro, azul da cor do mar.

Beijo, uma boa semana, amigo!

Graça Pires disse...

"E te inauguro femina – cálice e semente!
E bem te digo guardiã de ritos. Iluminação
E sombra. Murmúrio e grito"
E eu fico sem palavras para acrescentar o que quer que seja. O meu silêncio é mais fácil de entender, para ti, Poeta meu Amigo.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Bravo, Poeta!
Um poema magistral. O vento chega a fazer desenhos na alma.
Gostei imensamente.
Uma excelente semana,
grande abraço.

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