De
quando em quando, pequeníssimos fragmentos
Algumas
frações mínimas – um relance de um rosto
Que
se abre à nossa passagem e que saído da multidão
Parece
querer abraçar-nos – ou uma outra notícia sem memória
Caída
do cesto das notícias espessas
O
do comentário erudito que nos emociona.
Ou,
então sobra sempre o poema que um dia
Havemos
de escrever e nunca mais vêm à claridade.
E,
no entanto, haverá talvez uma mão clandestina
E
uns centímetros aveludados da pele nua – uma carícia
Que
fica tatuada na polpa dos dedos.
Porventura,
um amor irreal coberto de palavras
Inventadas,
onde o fogo abrasa e os dias
Cristalizam
em pequenas doses de tempo
Fluido
– entre a quimera e a dor mordente –
Uma
fina dor a desaguar na avalanche da vida
Onde
se joga do “homo faber” e se perde a liberdade
Nas
minudências festivas e no fervor das grilhetas---
Assim
caminhamos, frágeis e vulneráveis
Por
entre a multidão que nos é estranha
Apressados
e sem tempo, que o tempo alienamos
E
dele colhemos apenas a margem e a
miragem
Presos
uns aos outros pelos longos dedos da solidão
Manuel
Veiga
13 comentários:
Poema lindíssimo
.
Bom fim-de-semana.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Um belíssimo poema.
Estou de volta. Cheguei ontem à noite, as férias interrompidas para não deixar de cumprir o meu dever de cidadã.
Abraço, saúde e bom domingo
Podemos caminhar sempre frágeis e vulneráveis, mas sempre em direcção às tuas palavras de Poeta maior, meu Amigo Manuel.
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Os longos dedos da solidão por vezes nos sufocam, mas noutras libertam-nos de presenças funestas...
Do teu poema, gostei muitissimo.
Beijinho com votos de que estejas bem e tenhas óptima semana
Olá, meu caro amigo Manuel Veiga,
na metalinguagem o poema desenvolve-se, de passos lentos para outros passos mais rápidos, que cavam caminhos abaixo da superfície, saindo acolá como se estivesse com asas levando o espírito do poeta para os raios de sol.
Belíssimo poema, caro amigo Manuel. Parabéns.
Desejo a você uma ótima semana, com saúde e cuidando-se.
Grande abraço.
Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo que só os Grandes Poetas podem conceber.
Parabéns pela inspiração e criatividade poéticas.
Gostei imenso.
Um beijinho e continuação de boa semana.
Ailime
Um poema, para não variar, óptimo.
Os dedos longos da solidão prolongam
a palma receptora na ânsia da posse
Recurvam-se para acolher partículas de felicidade
Porém, ralos, não aproveitam a felicidade
caída do céu,
aleatoriamente
Saúde, Amigo Manuel Veiga
Abraço.
"Os dedos longos da Solidão" - título que nos toca fundo.
É quase um Poema, por tudo o que adivinhamos no seu
âmago - a Solidão esse mal que assombra tanta gente.
Mas o Poeta suaviza esse percurso aqui e ali, encontrando
momentos que nos inspiram...e vemos que nem tudo se resume
a solidão "tout court".
Emocionei-me com este seu Poema, Manuel Veiga. Admiro a
sua arte de bem escrever e de despertar emoções.
Abraço
Olinda
Como alguém disse longos dias têm cem anos.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
É assim a vida...
Excelente poema, uma peça literária de alto gabarito.
Continuação de boa semana, caro Veiga.
Abraço.
Meu amigo Manuel, li, reli... e deu-me uma tristeza, um nó na garganta. São certas emoções que aparecem, seja por nos encontrarmos enfraquecidos, vulneráveis ou talvez porque senti uma certa tristeza nesse belo poema. Solidão é sempre uma palavra que nos coloca a refletir muito, nos sentimos tão impotentes diante desse sentimento de abandono que penso ser um dos piores. Nunca o senti, mas já vi o estrago que faz.
"Assim caminhamos, frágeis e vulneráveis
Por entre a multidão que nos é estranha
Apressados e sem tempo, que o tempo alienamos
E dele colhemos apenas a margem e a miragem
Presos uns aos outros pelos longos dedos da solidão"
Um bom fim de semana, SAÚDE, poeta!
Beijo
Fico a moer as emoções que o poeta plasma nas palavras. Estilhaços de luz no ondular da vida. E sem sombra não perceberíamos a claridade.
Poesia, reconhecidamente, de qualidade superior.
Grande abraço, meu amigo Manuel veiga.
A solidão tem braços e dedos longos. Actualmente, abarcam toda a Humanidade. Poucos conseguem não se deixar agarrar por esses dedos.
Excelente, caro Poeta.
Um abraço
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