terça-feira, março 29, 2022

ILUMINAÇÁO E SOMBRA,,,

 

Na subtil vibração das coisas

Onde se desenha o fluxo imaculado

De todas as águas. E os ventos são início

E sopro criador em busca de forma

Que lhes defina o perfil

E lhes conceda substância

E cor. E os nomes – determinação

E movimento…

 

E a música apenas

Bruma atonal em trânsito

A acender o fogo

E o frémito dos corpos

 

Nessa inconstância primeva

De afectos. E na incisão do tempo

Sujeito de acasos

 

Revolvo a matriz das coisas perecíveis

E daquelas que são luz e irradiam

E daquelas outras que são raiz

E permanecem.

 

E te digo prenúncio, verso e reverso

E te inauguro fémina – cálice e semente! –

E bem te digo guardiã de ritos. Iluminação

E sombra. Murmúrio e grito

E Aurora dos Tempos …

 

Manuel Veiga

 

8 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema de excelência tão ao seu jeito e que tanto aprecio.
Gostava tanto de escrever assim;))!!!
Beijinhos de muita admiração.
Ailime

lis disse...

Como no comentário da Ailime
também gostaria de escrever assim _ iluminado !
Bonito mVeiga Parabéns! pelo talento com as palavras.
Abraços

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

MV

A linguagem dos corpos, onde tudo se movimenta e completa.
Excelente poema, bem ao seu peculiar estilo, gostei imenso.
Continuação de boa semana, caro Poeta.
Um Beijo.

:)

Juvenal Nunes disse...

Na luz do outro o espelho de si próprio, numa reciprocidade de fértil sentir.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Elvira Carvalho disse...

Um poema só ao nível de um grande poeta. Gostei muito.
Abraço, saúde e bom fim de semana

Teresa Almeida disse...

Olá, amigo Manuel Veiga!

Reconheci, de imediato, o teu estilo fluente, criativo e invulgar. Quase se trauteia a melodia.
Tenho vindo, esporadicamente, ao blogue e gosto muito de te encontrar.

Um beijo.

Olinda Melo disse...


A "Aurora dos Tempos", rompendo de entre as coisas
perecíveis. Assim é, assim somos nós, feitos de luz
e sombra, por vezes brilhamos, outras mergulhamos
em indizíveis escuridões.
O Poeta indica-nos esse percurso e a importância
dos ritos e nomeia uma guardiã. Talvez neles
encontremos sentido para continuarmos.

Belo Poema, amigo Manuel Veiga, como sempre.

Abraço
Olinda

Graça Pires disse...

Guardiã dos ritos. Para que se não percam. Para que a luz da madrugada caia sobre nós e nos incendeie as sombras. Tão belo, o poema!
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo.
Um beijo.

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