Na
subtil vibração das coisas
Onde
se desenha o fluxo imaculado
De
todas as águas. E os ventos são início
E
sopro criador em busca de forma
Que
lhes defina o perfil
E
lhes conceda substância
E
cor. E os nomes – determinação
E
movimento…
E
a música apenas
Bruma
atonal em trânsito
A
acender o fogo
E
o frémito dos corpos
Nessa
inconstância primeva
De
afectos. E na incisão do tempo
Sujeito
de acasos
Revolvo
a matriz das coisas perecíveis
E
daquelas que são luz e irradiam
E
daquelas outras que são raiz
E
permanecem.
E
te digo prenúncio, verso e reverso
E
te inauguro fémina – cálice e semente! –
E
bem te digo guardiã de ritos. Iluminação
E
sombra. Murmúrio e grito
E
Aurora dos Tempos …
Manuel
Veiga
8 comentários:
Boa tarde Manuel,
Um poema de excelência tão ao seu jeito e que tanto aprecio.
Gostava tanto de escrever assim;))!!!
Beijinhos de muita admiração.
Ailime
Como no comentário da Ailime
também gostaria de escrever assim _ iluminado !
Bonito mVeiga Parabéns! pelo talento com as palavras.
Abraços
MV
A linguagem dos corpos, onde tudo se movimenta e completa.
Excelente poema, bem ao seu peculiar estilo, gostei imenso.
Continuação de boa semana, caro Poeta.
Um Beijo.
:)
Na luz do outro o espelho de si próprio, numa reciprocidade de fértil sentir.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Um poema só ao nível de um grande poeta. Gostei muito.
Abraço, saúde e bom fim de semana
Olá, amigo Manuel Veiga!
Reconheci, de imediato, o teu estilo fluente, criativo e invulgar. Quase se trauteia a melodia.
Tenho vindo, esporadicamente, ao blogue e gosto muito de te encontrar.
Um beijo.
A "Aurora dos Tempos", rompendo de entre as coisas
perecíveis. Assim é, assim somos nós, feitos de luz
e sombra, por vezes brilhamos, outras mergulhamos
em indizíveis escuridões.
O Poeta indica-nos esse percurso e a importância
dos ritos e nomeia uma guardiã. Talvez neles
encontremos sentido para continuarmos.
Belo Poema, amigo Manuel Veiga, como sempre.
Abraço
Olinda
Guardiã dos ritos. Para que se não percam. Para que a luz da madrugada caia sobre nós e nos incendeie as sombras. Tão belo, o poema!
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo.
Um beijo.
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