terça-feira, agosto 23, 2022

ARFAR SOLITÁRIO

 

Abrasa o sol nesta miragem. A distância é o voo

E a canícula. E a ave soletrando o círculo.

E o zénite...

 

E a violenta bordadura do azul no fio de meus olhos

Agitando a brisa cálida...

 

E o grito calcificado do restolho.

E o cardo a dançar no vento.

E a poeira…

 

E a gotícula lambendo a pele nua.

E os lábios gretados. E a sede das horas

E os passos sobre o eco...

 

E o arfar solitário.

……………………………………………………….

Infinita esta paisagem em que me detenho

Como planície inventada

Ou voo quebrado...

 

Estridência de cigarra acesa

Ou secreta cotovia em alvoroço

Adejando por dentro.

 

E o milagre

E o canto

Inesperado...

 

Manuel Veiga

 

2 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Puro fascínio poético que me deliciou o ego, ler.
.
Cordiais cumprimentos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Elvira Carvalho disse...

Tão belo, Manuel!
Abraço, saúde e bom fim de semana

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