quinta-feira, outubro 13, 2022

CALIGRAFIA ÍNTIMA

 

Ho pórtico da palavra onde - marés vivas

todos os sentidos se dizem e se desfazem

e todos os náufragos se rimam

e todos se revestem de alegrias frustes

 

Nesse lugar de imponderáveis e de riscos

 e de de~matrz de água e incêndios alvoroçados

devolvo ao mar - que tudo devora

um náufrago nome infrene

e lhe ofereço todos os salvados

e todos os “noturnos despojos”

e todas as miragens

 

E todas as palavras mortas

e todas as palavras ainda por dizer

 

e  numa caligrafia íntima - minha flor de sal –

deixo que o próprio sol

se derrame à flor da  flor da pele- quer dizer breve – caricia breve!

e bálsamo seja. e limpe

e arda

 

Fogo fátuo é iluminar por dentro

os dias do porvir…

 

Manuel Veiga

in CALIGRAFIA ÍNTIMA

edição Poética  2017

5 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Poema brilhante que me fascinou ler. Adoro o mar. Esse, sempre foi, é e sempre será, uma inspiração para poetas e poetisas.
.
Cumprimentos cordiais.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Maria João Brito de Sousa disse...

Esplêndido naco de Caligrafia Íntima!


Um abraço, Manuel!

Juvenal Nunes disse...

Uma forma rica de poetar, feita de maneira intimista, sem desviar os olhos do futuro.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Graça Pires disse...

Palavras de uma caligrafia íntima onde tu, poeta, te identificas e te explicas e te revelas.
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo Manuel.
Um beijo.

São disse...

E assim mostras um pouco do teu intimo, meu amigo.

Te abraço com voto de boa semana

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...