terça-feira, janeiro 23, 2024

NO SOPRO DE MEUS DEDOS...


No sopro de meus dedos todas as glórias

(Que nestas letras se misturam deuses e criaturas)

Barro que tem reflexo de alturas

Onde germina o Corpo, o Tempo e o Modo.

 

Infinito-Presente que de tão breve é já Futuro.

 

Nada de novo no horizonte da palavra que respiro

Pois nada de mim se arrasta neste parto.

Sou além de mim – sou queda e brado!

Partitura que por capricho ou ledo engano

Na música se esvai correndo como o pano

Que aberto se fecha sobre palco festivo...

 

Promessa mil vezes adiada.

Não me lamentem porém os que de mim colhem

A flor de meus desejos.

 

Que no bosque esperançoso em que incauto teimo

Sou vereda e água – e a palavra sussurrada –

E o vento em cópula de Outono

Sobre as árvores...

 

Manuel Veiga

 


1 comentário:

Olinda Melo disse...


Quedei-me aqui neste Infinito-Presente,ainda que Futuro, quase.

Deuses e mortais festejam as Palavras
que dos dedos do Poeta se despegam,
num sopro. Contudo, elas trazem emoção
as quais permanecem, matizando de cores
vivas os nossos dias.

Um dos seus mais belos Poema, Manuel Veiga.

Muito obrigada por estes momentos de tão
bela leitura.
Abraço.
Olinda

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...