domingo, fevereiro 15, 2015

UM BREVE PRENÚNCIO...


 Desprende-se o poema. Brevíssimo sopro.
Ou colisão ínfima que estremece. E se agita. Inesperada.
No absurdo silêncio do Mundo.

Murmúrio de sarça. Arde. Como inflamadas cores
Sobre a Árvore do Tempo. Ou toda a vida
No sopro do instante – meteórica luz divina...

Desprende-se o poema. Sem resguardo.
E nessa agitação volátil um breve prenúncio. Ou esboço.
E o rosto invisível das coisas a rasgar
A finíssima placenta.

Que a Palavra então seja criatura
Arrostando as dores do Universo
E testemunho do humaníssimo Grito.

Ou polifónico Cântico a antecipar
O dia claro...

Manuel Veiga

15-02-2015



10 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Que o prenúncio
se cumpra
e, como o poema,
se desprenda

Graça Sampaio disse...

Inventemos pois os dias claros!

Beijo.

Agostinho disse...

É na alvorada que a alquimia se faz.

Shirley Brunelli disse...

Rompeu-se a lírica placenta e veio à luz, esse belo e contundente poema.
Beijos, heretico!!!

Majo disse...

~
~ Continuo a deliciar-me com a meditação sobre a génesis
da composição poética.

~ Desta vez, desprende-se o poema, sem resguardo...

~ ~ ~ Dias claros e felizes, Manuel. ~ ~ ~
.

jrd disse...

Belo poema o teu.
Não há parto sem dor. A esperança que agora anuncias há-de crescer em breve.

Abraço fraterno

CÉU disse...

Estas palavras são prenúncio de que a poesia tem arte e finalidade:)

CÉU disse...

Estas palavras são prenúncio de que a poesia tem arte e finalidade:)

Andrea Liette disse...

Um poema tão inédito e fecundo
quanto o instante da criação!

Grande abraço.

deep disse...

Um sopro inspirado. :)

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