O
propósito do Governo PSD/CDS em alterar a legislação de trabalho, com o falso
argumento do combate ao défice, visa a aplicação do programa drástico de
agravamento da exploração que os círculos liberais e o capital reaccionário há
muito perseguem e que a luta dos trabalhadores tem conseguido conter nos seus
traços mais danosos.
A
liberalização dos despedimentos, em grosseira violação da Constituição da
República, põe em causa questões essenciais da estabilidade e dignidade no
trabalho e da vida dos trabalhadores. A juntar a outras malfeitorias no domínio
de contratação colectiva, horários, dias de descanso e trabalho extraordinário,
fala-se agora de metas laborais como justa causa de despedimento; ou, noutro
plano, da diminuição do montante e periodicidade do subsidio de desemprego,
como se este subsidio fosse uma dádiva dos capitalistas ou do Estado e não
produto dos descontos no salário dos trabalhadores…
É
um inimaginável retrocesso histórico e uma abjecta consagração da
arbitrariedade generalizada. O trabalho, que em virtude das conquistas sociais
e políticas do século XX, parecia caminhar, lentamente mas com esperança, no
sentido de se “humanizar” regride a ritmos e exigências demenciais, cujo paradigma apenas encontra paralelo na
escravatura.
A
precaridade do trabalho, hoje em dia, vai ao ponto de grande parte dos
trabalhadores, sobretudo jovens – a geração dos recibos verdes - serem
permanentemente eventuais, o que significa terem de se sujeitar a tudo. E
perante isto, o poder financeiro e forças poderosas de negócios, os grandes interesses
ainda acham pouco. Há, por isso, que fazer-lhes a vontade e institucionalizar o
despedimento livre…
A
apoiá-las e “inventando” velhos argumentos e teorias, uma comunicação submissa
e gente muito “sábia” que há muito se senta à mesa dos orçamentos públicos (ou
privados); ou então, em situação mais vil ainda, meramente na esperança de, com
a sua adesão à teologia do mercado e à defesa dos poderosos, poder vir a
beneficiar de umas migalhas, parcas que sejam…
No
entanto, com cerca de um milhão de desempregados e quando o desenvolvimento científico
e tecnológico permite produzir mais em menos tempo, o que se impõe é o
prosseguimento do processo histórico de redução progressiva do horário de
trabalho sem perda de salário, como elemento de progresso civilizacional e meio
indispensável de combate ao desemprego.
Porém,
as luminárias do neoliberalismo económico, instaladas no Governo e na
comunicação social e que, em boa medida capturaram o Partido Socialista, quais
profetas da desgraça dos tempos modernos, acham que a manutenção de qualquer
pequeno direito social (educativo, na saúde, reforma, etc.) é motivo de
derrocada financeira e de bancarrota…
Ouvi-los,
nos seus inflamados dogmas, é evocar o início do século XX, quando, por
exemplo, os mesmos princípios e valores se agitavam, como espantalho, contra as
tímidas propostas de aposentação paga, que a classe operária e as forças progressistas,
então preconizavam…
As
consequências da aplicação deste programa agressão aos mais fracos da sociedade,
assente no agravamento da exploração, revela até aos mais distraídos a verdadeira
natureza do capitalismo. E tem como resultado evidente a acumulação de riqueza
na mãos de uns quantos e empobrecimento geral do País, com mais e mais
desemprego, recessão e falências sobre falência, maior dependência do estrangeiro,
num desastre que se advinha e urge impedir.
É, por isso,
mais urgente e decisiva que nunca a luta dos trabalhadores e da população em geral e o
pleno exercício dos direitos de cidadania, designadamente, o direito à
indignação cívica e direito de manifestação, como propõe a CGTP-IN com as manifestações
convocadas, para Lisboa e Porto, no próximo Sábado, dia 1 de Outubro.
Onde,
certamente, nos vamos encontrar…
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8 comentários:
Com grande pesar o digo, a manif para além dos "clientes" do costume, vai estar às moscas, as pessoas estão prontas a aceitar tudo. Isto devia fazer reflectir toda a esquerda, mas infelizmente a dita cuja está de tal forma embrenhada no seu próprio umbigo que não o fará, ou pior ainda, enjeitará as suas próprias responsabilidades. É a vida.
A ariel trata-me por cliente. Hà uma "esquerda" que me trata assim ... a mim. Como não enjeito a minha responsabilidade, lá estarei.
grato, Rogério.
abraço
Sábado, lá estaremos.
Um abraço.
Lá nos encontraremos!
Beijos.
Vão ser muitos a dizer não, acredito. E mesmo muitos dos que se referem aos "clientes" sentirão a urgência de aparecer.O caminho não pode ser outro.
Retrocedemis, sim...é triste. vamos à luta!
BJ
Andaram anos a pensar nisso.
Agora têm um pretexto.
Um forte abraço
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