Quem da montanha
guarda os percursos
Que os deuses
trilham em sinfónica incandescência
E de tão
voláteis se despenham
Na lonjura sem
outra vibração ou rasto
Que os
detenha...
Quem dessa
memória suspensa
O fio dos dias
enfeita
E se consome
como água
Através da
seiva...
E se mistura
Na crisálida
como seda ainda pontiaguda
Bicho alado na
babugem e na tensão antecipada dos afagos
Ou no registo
solene dos baptismos...
Quem a palavra celebra
Como matriz de
todos os nomes
E de todos
apenas retém a inconformada espera
E a inominada
ardência
Que ilumina todas
as dores e a surpresa...
Quem a tal
destino se atreve
Abre o peito ao pulsar
dos dias
E no debruar das
horas ainda cinza
Sopra o inquieto
fogo que incendeia a sarça
E se consome na
miragem como dunas ao vento
Ou sorriso de
escravo antes das grilhetas.
Manuel Veiga
17 comentários:
"Quem a tal destino se atreve"...
é forte, é vibrante, é como brisa
que se entrega como o tempo breve
e que desliza perfumando os dias
não importando, bastando
ser louco, nas suas poesias! :)
interessante, amigo Manuel
gostei!
beijo e boa noite
Quando o fogo reacender as grilhetas hão-de derreter.
Abraço Poeta
Poeta amigo
tu sabes que não há destinos
mesmo que te atrevas
a recriá-los
Abraço sempre
É um poema vibrante, ave que romperá as grilhetas! Obrigação do poeta é a palavra.
Beijo
sorrisos
por vezes podem romper as grilhetas
improvável
mas não impossível...
:)
Celebrar a palavra. Soprar o fogo mais inquieto. Atrever-se sem grilhetas... Isto e muito mais neste poema intensamente sentido e excelente.
Um beijo, amigo.
Quem?
Beijinho
(gostei muito)
Mesmo acorrentados, continuamos a sorrir...valha-nos isso.
Abraço
Como dizia em outro lugar, chega Abril e a gente,
inquieta um pássaro, um sorriso, no fundo de nós.
Abç da bettips
Atrevidos são os poetas
os poetas e nós
e não estaremos sós
Muito bom! Muito bonito! Isto sim é celebrar a palavra. E a Poesia.
Beijinhos poéticos.
Não lhe chamaria destino, mas sim caminho (há apenas um)...quem se atreverá a percorrê-lo?...
Por aqui o poeta celebra a palavra de uma forma intensa. Excelente, este poema.
Beijos
secretos são os pensamentos de um poeta...às vezes indecifráveis.
"...E se consome na miragem como dunas ao vento
Ou sorriso de escravo antes das grilhetas."
Quem a tal destino se atreve? Somente quem tem a alma liberta... como os escravos, como os poetas!
Deixo-te um sorriso brincando numa estrela, com meu apreço e admiração.
Helena
Somos seres viventes e, como o fogo, nos deixamos consumir nas dunas ao vento...
Estive várias vezes aqui, heretico, e não consegui abrir a página dos comentários. Ainda bem que as coisas ruins não duram para sempre.
Amigo, beijos!
'Celebrar a palavra' mesmo que o que tem a fazer é não a declarar já dizia Exupèry,
_ como na linda poesia ela resvala por labirintos aproxima afasta encontra-se perde-se - o destino que 'se atreve': ou nós mesmos fazendo escolhas ?
parabéns poetinha
seu poetizar é sempre um pulsar de coração.
com abraços
Poucos se atrevem...
beijo
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