Abrasa o sol
nesta miragem. A distância é o voo
E a canícula. E
a ave soletrando o círculo.
E o zénite...
E a violenta
brancura do azul no fio de meus olhos
Agitando a brisa
cálida...
E o esqueleto
calcificado no restolho
Abandonado.
E o cardo seco
E a poeira ...
E a gotícula lambendo
a pele nua
E os lábios
gretados. E a sede das horas
E os passos
sobre o eco...
E o arfar
solitário.
E este latir de
condenado...
Infinita esta paisagem
em que me detenho
Como planície
inventada
Ou voo quebrado...
Estridência de
cigarra acesa
Ou secreta
cotovia em alvoroço
Adejando por
dentro.
E o milagre
Do canto
Inesperado...
Manuel Veiga
Manuel Veiga
11 comentários:
Alentejo! Manuel da Fonseca não o descreveria melhor!
Beijos poéticos.
Tenho sempre uma vontade imensa, de contemplar os seus poemas em silêncio. Com receio de dizer algo, que assuste a paisagem. Adorei.
Beijos
Sem palavras!
Abraço forte
Uma paisagem descrita não só pelo que os olhos vêem, mas pelo sentimento despertado. Um canto inesperado é sempre milagroso. Muito belo!
Caríssimo poeta,
Bom rever/reler teus versos que trazem a mágica "quase" palpável da paisagem viva...tão distante de mim, porém, tão próxima dos sentidos perceptíveis que o teu olhar de poeta me apresenta.
Grata pela tua presença neste momento em que reabro o meu "Baú" de escritos guardados.
Beijo.
Genny
Grande Poeta.
Inventas a planície e nela espalhas a poesia em alvoroço.
Grande poema!
Forte abraço
É "o milagre de um canto inesperado" a mitigar a sede...
Belíssimo, meu amigo.
Um beijo.
Belíssimo, belíssimo. Amei!
Beijos!
uma imagem da planície que nem todos sabem ver...
:)
E no entanto, nesta paisagem abrasadora, há um rio de palavras que corre, imparável, no peito de um poeta.
Um beijo
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