De novo a montanha
e o gesto amável de colhe-la.
Gregoriano o
canto. E a ave o abismo. E meus olhos
A flutuação da
brisa. Cegos na imensidão da cor
Em que se
despenham...
Estendo os
braços. E o sol desbotado é eco
Que devolve o
prodígio. E os inaudíveis sons
São o bailado da
memória. Fio de água a desenhar
A paisagem cá
por dentro.
E a pedra-parideira
e o teixo. E o tempo destilado
Gota a gota.
Ruínas e calcário que se negam.
E se condensam.
Fogo que circula
No interior da
pedra...
E a poeira
líquida – fios de prata por onde escapa
A flor sem nome.
Tão frágil
Que hesita
E se verga
Como se a hora
Fora plena.
E a gloriosa
tarde fosse eterna...
Manuel Veiga
9 comentários:
Sei desse lugar de indizíveis encantos...
Indízíveis, digo, para poetas menores, que o dizer aqui é alto e claro como a mais alta montanha inundada de sol.
Lídia
Poesia líquida
Montanha?
Ou a persistência da água
sobre a pedra?
Nem todos têm o condão de saber ler a montanha...
Tão envolvente!
Abraço
Gostei do teu poema.
Excelente, como sempre.
BOM ANO, caro amigo.
Abraço.
poesia que transborda sentires....
tão bela!
beijo
:)
No espelho dos sentidos
lá no alto da tua escarpa
e na minha
há sempre uma flor
à flor da pele
na sereníssima vertigem do fogo
que nos ateia
Abraço sempre
Escorrega liquida a palavra do poeta que nos chega do alto.
Abraço fraterno
Sempre presente a dura beleza transmontana - mas muito bem posta, muito bem dita. Como sempre.
Beijinho
É nisso que (a Poesia) se torna e nos torna: eternos!
Leio-te à tarde...
Abraço, amigo.
jorge
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