Para além do Além.
No limite da Palavra
Onde o sentido
colapsa. E desamparado é partícula.
Ou onda. Ou centelha
estrelar.
Ou combustão
fria...
Nesse território
inacessível em que o Verbo
Se faz Desígnio.
E as imaculadas coisas
São apenas o
expectante barro das origens.
Nessa caligrafia
selvagem do Fogo
No íntimo da
pedra. Antes da sarça.
E na inocência
dos sinais (pre)nunciados
- Arrepio de prazer, tempestade ou grito –
Primeiríssimo acto
de nomear o Outro. Em que Luz se faz.
E o Tempo se
ergue para além das Trevas
E dos Abismos...
Nesse mágico momento
de parto da Memória
E o Desejo é
Dor. E História. E mar revolto.
E rapto. E a Montanha
grito.
Arrebato meus
grilhões de poeta acorrentado.
E ergo-me. E
tombo. E derramo meu sangue.
Faminto.
E dissolvo-me na
Voz que solto.
E no rumor da
Palavra em que me digo.
E comungo a Hora.
Infecta. E o destino
Dos homens. Demiurgo.
Manuel Veiga
8 comentários:
Gostei muito.
Abraço grande.
Palavras em tropel, como cavalos subindo a montanha, procurando o fogo... Tão belo.
Um beijo
Querido amigo,
É um poema magnífico que remete a Prometeu .
Grande abraço.
Voltei... porque esse instante é tão lúcido e profundo, e ao mesmo tempo sutil, esta palavra que já existe antes mesmo que a pronunciemos...
Sim, ali está a inspiração , a doçura e a dor de um poeta. Um poema que me leva à gratidão.
Um beijo.
"Prometeu agrilhoado", sim.
.
~ ~ Outra inteligente dissertação, semelhante a um clamor
de trombetas épicas que anunciam um gloriso mas sofrido
génesis: a composição poética. ~ ~
Para alem do limite das palavras a voz solta onde te ergues e assim o prazer da poesia torna-se desafio no mar revolto da lucidez
Abraço amigo
Achei muito interessante!
Saudações poéticas!
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