(...)
“É um poder que
se tem.
Um terrível
poder contagioso.
Por isso há
tanta gente a policiar tanta gente
Para que não
aconteça o inesperado
Para que ninguém
resolva por exemplo
Chegar a uma
janela e gritar
Eu sou o Che.
Porque a verdade
é que pode ser.
Há uma
possibilidade de Che em cada um.
Não claro está
aquele olhar doce e triste
Nem o sorriso
que exprimia uma inocência
Nem o modo
inconfundível
De balançar os
ombros quando andava
Quase como se
Dançasse.
Mas um outro
lado da vida. Um outro sentido.
A partir de um
centro
Situado em
Ñancahuazú
Quer dizer: no
coração.
(...)
A qualquer
momento
Qualquer um
Pode dizer: eu
sou Che
Ou mesmo sem o
dizer pode partir.
Ou não partir.
Mas de qualquer modo
Desaparecer.
Subir a uma
montanha dentro de si
Criar um foco
Um centro de
irradiação
Tanto pode ser
uma guerrilha
Como um poema
Ou um silêncio.
Ou até
Porque não
Um amor secreto.
Ou simplesmente
uma recusa.
Algo diferente
Um gesto que
provoque uma alteração de ritmo
Uma ruptura
(...)
Então é o Che
Uma estrela na
testa
Uma insubmissão
Um foco.
Um grande
coração a bater em Ñancahuazú
No centro do
Mundo
Em parte nenhuma
Em toda a parte”.
Manuel Alegre –
poema CHE –Edição Editorial Caminho
13 comentários:
Não sei bem, mas parece quase um autorretrato
"No centro do Mundo
Em parte nenhuma
Em toda a parte"
É assim que eu vejo o poeta
mas não o homem de que o poeta reza
Os poetas morrem nos poemas que escrevem
... mas nem todos o sabem, Poeta.
grato.
abraço
Que doce felicidade seria muitos a gritar:
_ Seremos como el Che
hasta la vitória, siempre'
_ e como ele 'fosse, se entregasse'....ternamente.
Ah essa 'alteração de ritmo' como precisamos!
Lindo o poema heretico
un fuerte abrazo
Que poema encantador, delicioso de ler...
"Subir a uma montanha dentro de si
Criar um foco
Um centro de irradiação
Tanto pode ser uma guerrilha
Como um poema
Ou um silêncio."
Simplesmente magistral, poeta!!
Grito da minha janela: "Eu sou o Che"...
Beijo.
Tão lindo, tão doce, tão forte, tão abrangente, tão tanto...
Dá vontade de abrir a janela da alma e gritar bem alto: "eu sou Che"
na esperança de que o eco se faça para o lado de fora...
Poeta, mais um dos teus belos poemas a me encantar!
Sorrisos e estrelas, sempre, no teu caminhar,
Helena
Helena,
o poema CHE, como aliás refiro, pertence a um maiores poetas contemporâneos de língua portuguesa - Manuel Alegre
limitei-me a transcrever uns excertos, mas o poema ganha apenas toda a expressividade numa leitura integral.
beijo
Seja como for as palavras do poeta repetem-se ciclicamente, tal como a História
Ainda que o "mundo pule e avance" a vida repete-se em todas as memórias.
Abraço
Grata pela tua observação.
O comentário deveria ter sido registrado dessa forma:
"Poeta, mais uma das tuas belas publicações a me encantar!"
Penitencio-me da "distração" cometida e acrescento mais sorrisos e mais estrelas no meu desejar de uma semana que te chegue iluminada de alegrias.
No carinho de sempre,
Helena
o poeta renasce todos os dias
nas palavras
vou tentar ler na íntegra
boa semana
beijo
:)
«uma insubmissão» - e isso mesmo do que precisamos!
Beijo
É o "perigo" da insubmissão do eu onde mora a "franqueza" da verdade que é reprimido pelos oficiantes do medo. O esquema repressivo vive da simulação de tudo e todos.
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