Dedos abertos a
colher a brisa. E o frondoso rio.
E as margens. E
o benigno freixo A estender a sombra
Sobre a tarde.
Mítica.
Capturo esses reflexos no suspiro de Lydia
E nos dedos tombados no regaço
Antes da flor e da pétala -
Espera pura.
E o prenúncio de passos nessa escuta.
Os dedos entrelaçados. Agora.
E o deslassar de um tempo mudo. Melancólico
Sorriso do poeta. De cachimbo apagado.
Como se Ricardo fora.
Perfume evanescente de um vinho raro.
Gota que seja. E a garganta ressequida
Depois do trago. Sonho de sonho
A bater a asa.
E o frémito
De sol quente descendo
Em curva.
Manuel Veiga
9 comentários:
UMA HOMENAGEM A LYDIA E RICARDO, PERSONAGENS DE TUA BONITA INSPIRAÇÃO.
AS METÁFORAS COMPLETAM A BELEZA AQUI CONTIDA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
E, como não bastasse, a emparelhar um poema espantoso, as mãos, os dedos de MJP como se fosse o selo de garantia. Nem precisava pois a raiz do salgueiro sabe como vem de longe esta espantosa poética.
Nem parece herética esta Lydia do suspiro esperado. Mas, é Herético quem a chama aqui.
Abraço.
Amigo Manuel,
Li e reli. Mas penso que o importante não é pensar, nem dizer, é sentir um poema. Penso que poesia é a expressão de uma dor, e que muitas vezes não se compreende, mas acontece.
Quem não é poeta, pode acontecer em pensar uma coisa, dizer outra e sentir outra. rs
Mas a beleza está, também, na sua musicalidade. Todo esse conjunto, gera a beleza do poema.
Então só resta dizer...belo poema!
bj
~~~
Muito belo é este poema
- que retrata um quadro idílico
de uma dolente tarde de verão bucólico,
- parafraseando Ricardo Reis...
Continuação de boas férias,
«a vida passa e não fica»...
'Carpe Diem', Poeta.
Beijo cordial.
~~~~~~~
Uma brisa poética, bem acompanhada
por Chopin, e Maria João Pires.
Gostei.
Glosando o clássico Reis com as suas rosas efémeras e a sua mítica Lydia?
Vê-se: isso é mesmo só para quem sabe...
Beijinho.
O esplendor das sensações!
bj
MJP a abrilhantar um poema que é uma pérola poética.
gostei muito
:)
Ah os poetas !
_tem sempre uma Lidia ou Ligia , Carolina ou Ana ,Julia ou Donna e pra elas compõe e cantam um soneto de amor.
_ como se fora uma delas fico extasiada diante da brisa, colhendo-a.
Gostei muito!
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