segunda-feira, novembro 07, 2016

Da Criação do Mundo...


Desprende-se o poema. Brevíssimo sopro.
Ou colisão ínfima que estremece. E se agita. Inesperada.
No absurdo silêncio do Mundo.

Murmúrio de sarça. Arde. Como inflamadas cores                 
Sobre a Árvore do Tempo. Ou toda a vida
No sopro do instante – meteórica luz divina...

Desprende-se o poema. Sem resguardo.
E nessa agitação volátil um breve prenúncio. Ou esboço.
E o rosto invisível das coisas a rasgar
A finíssima placenta.

Que a Palavra então seja criatura
A aguentar o peso e as dores do Universo.
E testemunho vivo do humaníssimo
Gesto da Criação do Mundo.

Manuel Veiga




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