Desvendo teu
rosto. Os dedos no mármore da noite
Desenham os
lábios no beijo em quem explodimos
Sonho liquefeito
como um rio sem outras margens
Se não aquelas
que te estendo em febre intima.
Ardemos! Ardo em
ti e em mim que outra palavra
Declino pois
ardendo sei que tua boca se faz minha
E teu corpo se
desdobra na dor e no prazer da onda
Que sendo tua,
sou eu, quem bem sabendo, lhe dá vida.
Bem sei em
noites de ilusão cativas que esta glória
De te amar para
dentro, sem o ensejo de ungir-te
Inaugural no númen
e na placenta húmida do Poema
Te dói na chama
e o caudal se despenha murmurado.
E o cume do
sangue no meu peito é então o grito
E aves nocturnas
esvoaçando em tenso círculo
Em mim acordam, perturbantes,
o cântico magoado.
Manuel Veiga
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