Bem no alto, no
topo mais alto de todos os topos
Onde todas as
bandeiras se desenham e os ventos
Flutuam abrindo
espaço aos hinos e as espadas
São o faiscante
sol das batalhas e as gloriosas
Demandas de
todos os destinos e os passos dos homens
O pulsar ainda
magma das cidades futuras e os mares
São o sonho
líquido das montanhas e as caravelas
Um punho fechado
de utopias desertas. Nevoeiro
E visionário
rasgo de profecias alvoroçadas
E as pátrias são
iniciático gesto e o ombro de escravos
E os dias se
contam por mistérios.
E a música é
planície
Sem topo e
infinito silêncio maturado de mil ecos
E respiração das
estátuas.
E todas as
coisas falam
Do seu destino na
linguagem primordial dos afectos
E das recusas e
se moldam qual partitura de uma sinfonia
Sem maestro. E
as palavras e as coisas se incendeiam
No mesmo fogo. E
se dizem numa geografia de territórios
Íntimos. Verso e
reverso da mesma fala. Trama de luz
E sombra a
desenhar os invisíveis fios da memória
E as brumas da
História.
Então o poeta
demiúrgico embora é aprendiz de feiticeiro
E o poema não
mais que desmaiado reflexo
Da grande metáfora do
Mundo.
Manuel Veiga
11 comentários:
E como seria o Mundo sem metáforas?
Eu não faço ideia...
Apenas sei que o teu poema é excelente.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.
dos campos de batalha nasce a memorial memória...
e na geografia do poeta só as estátuas dos mortos, choram.
há toda uma envolvência no desenhar do tempo.
e o futuro é uma permanente incerteza.
fica esta sublime metáfora...
abraço, e bom fim-de-semana.
p.s. - obrigado pelo elogioso comentário.
*Épico
Demiurgo de um universo
O poeta é um criador
Que não cria, mas por dor
Ou por amor faz seu verso
Que por caminho transverso,
Sem criar seja o que for
Transforma dor em amor,
Feio em bonito ou ao inverso
Faz o bonito tão veio
Tal Bocage - o receio
De poetas e da Arcada.
Sem criar, por algum meio
É capaz que em seu seio
Haja um deus que cria o nada.
Grande abraço. Laerte.
Demiurgo de um universo
O poeta é um criador
Que não cria, mas por dor
Ou por amor faz seu verso
Que por caminho transverso,
Sem criar seja o que for
Transforma dor em amor,
Feio em bonito ou ao inverso
Faz o bonito tão veio
Tal Bocage o receio
De poetas e da Arcada
Sem criar, por algum meio
É capaz que em seu seio
Haja um deus que cria o nada.
Grande abraço. Laerte.
Grande e bela a metáfora que criaste Poeta.
Abraço fraterno
E a música é planície
Sem topo e infinito silêncio maturado de mil ecos
E respiração das estátuas.
Meu amigo Manuel, depois dos brasileiros viverem com tanta tristeza a tragédia na Colômbia, e ler esse lindo poema, tudo mistura-se num só sentimento de desolação, de solidariedade, de consternação. E por fim tudo se mostra tão triste. Inclusive um belo poema.
Beijos, amigo.
Uma vibrante e apaixonante metáfora...
E quem dera que o mundo, se fizesse entender na sua linguagem primordial de entendimento e solidariedade...
Felizmente temos os poetas... que ainda nos vão descodificando o mundo nas suas metáforas... apelando à nossa sensibilidade, para o entendermos...
Magnifico e inspirado trabalho, Manuel!
Abraço! Bom domingo!
Ana
Tinha saudades de te ler... E que poema tão sensível vim aqui ler. A música suporte da tua imensa inspiração. Belíssimo.
"To send light into the darkness of men's hearts - such is the duty of the artist."
Robert Schumann
É o que levo...
beijo
(tentei agradecer tuas palavras em 'fragmentos' mas há uma anomalia que não permite publicar comentários)
Na transcendência do que nos é interdito, só as palavras são quase chave para dela nos aproximarmos. Mas só em poemas como este!
BJ, amigo 👐
Novamente à volta da criação poética.
Parabéns por saber metaforizar o mundo!
bj
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