Soberbo o
carvalho e sua fronda
Soberbo o freixo
e sua sombra.
Soberbo o melro
a saltar de galho em galho.
Soberano. E
negro.
Soberbos os
espantados tordos. E meus olhos
Espantados no
seu canto.
Soberba a
montanha. E a pedra parideira.
E a água fresca
a cair da pedra.
Bebida pelos dedos.
Soberba a
litania dos insectos. E o sol a pique.
Soberbo o rio. E
as suas coleantes margens.
E o linho na
corrente fria
A curtir as mágoas.
Soberbos os
dedos tecendo. E as açucenas.
E os bordados. E
a toalha alva.
E a mesa do
sacrário.
Soberbos os
sinos. E missa d´alva. E o menino
Ensonado a
esfregar os olhos. Meigos.
E o restolho. E
o trigo.
E o pão ázimo.
Soberba a
misteriosa Lua a espreitar furtiva
Amores
imaculados. E a dançar soberba
E nua. Uma dança
de corpos perdidos
Em seus raios.
Soberbo o dia de
ontem. E todas as auroras.
Soberba cálida
vida a esgotar-se. Límpida.
Licor ainda.
Soberbo este perfume
da ausência.
A arder sem lume.
Soberbo o
murmúrio do poeta
A borbulhar por
dentro.
E incauto a
resguardar-se
No frágil eco
Do poema.
Manuel Veiga.
15 comentários:
Magnífica é a simplicidade das coisas, desde a simples ladainha dos insetos até os mistérios da lua; do sol a pique, dos rios, das montanhas, das pedras, do dia e de todas as auroras. Portanto, soberba é a vida, Manuel, e infelizmente não é perfeita, traz consigo seu único e incompreensível pecado, tem começo e fim.
Parabéns.
Beijo, amigo.
Uma erupção poética em cada detalhe. Soberbo como um todo.
Parabéns,poeta, por este belo e intenso borbulhar.
Beijo.
soberba a construção poética das coisas simples que já não sendo, ainda são. intemporais, no lume da paixão.
um 'éco'a atravessar a urbe e a nossa ausência da beleza.
um abraço, amigo Manuel.
Soberbos são também os seus versos, que nos fazem pensar, como soberba é a vida e tudo o que nela existe...
Soberbos, são os detalhes de que são feitos os dias e as noites, que preenchem a nossa existência...
Soberba é, e será sempre a Poesia!
Gostei muito!
Abraço
O poema como soberbo em memória viva do poeta,
a caminhar num crescente de beleza em colagens
de imagens, que borbulham soberanamente a
verdade essencial e delicada deste rio-vida!...
Na sua própria inscrição em ato-poema, o poeta
distante (como observador...) fica no seu frágil
eco, esvaziado com o retiro do poema no nascimento
em palavras, corre a borbulhar o rio-vida da Poesia!...
Simplesmente encantador este poema e me desculpe
se aprofundei no comentário, mas não há nenhuma
intenção de desnudar a excelência textual.
Grata pela leitura de qualidade poética ímpar aqui,
Poeta.
Um beijo.
Soberba a poesia viva.
Soberba a construção do poema. Soberbo o poeta.
Abraço fraterno
Que dizer das palavras que ousam os soberbos versos?... Apenas penso o quanto nos atinge de deleite o eco (nada frágil) dos poemas necessários...
Beijo.
Genny
Vou subir à torre mais alta da Cidade contemplar a magnífica beleza do poema.
Abraço.
Amigo Manuel, gostei muito deste seu poema. Um poema escrito com tal inspiração, a ponto de ter eu ficado com a impressão que o poeta adulou as palavras para que a mensagem não sofresse nenhuma distorção no som e no seu ritmo. Parabéns pelo belo poema.
Grande abraço.
Pedro.
Sentimento, poesia, beleza.
Belo...
Invejável tanta soberba. Contagiante, o poema. Soberbo seria não reconhecer a beleza deste poema.
Forte abraço, meu caro amigo!
Li no facebook e gostei muito. Agora voltei a ler e voltei a achar soberbo...
Beijinho.
Soberbo o espetáculo diário que a Natureza nos oferece e soberbo este canto do poeta!
Bj
"Soberba a litania...."
Tal qual: a fruição do belo numa torrente emocional muito bem envolvida pelos elementos que a provocam, acompanhados pela musicalidade de um léxico fulgurante.
Arte, meu amigo, arte!
Bjinho :)
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