No pórtico da Palavra onde – marés vivas –
Todos os sentidos se dizem e se desfazem
E todos os naufrágios se arrimam
E se revestem de alegrias frustres.
Nesse lugar de imponderáveis e de riscos
E de matriz de água e incêndios alvoroçados.
Devolvo ao mar – a grande Cloaca que tudo devora –
O náufrago nome infrene
E lhe ofereço todos os salvados
E todos os “nocturnos despojos”.
E todas as miragens.
E todas as palavras mortas
E todas as palavras ainda por dizer.
E numa caligrafia íntima – minha flor de sal –
Deixo que meu próprio sol
Se derrame à flor da pele – carícia breve!
E bálsamo seja. E limpe.
E arda.
Fogo-fátuo a iluminar por dentro
Os dias de porvir.
Manuel Veiga
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Poema que dará o titulo ao próximo livro
a publicar brevemente.
13 comentários:
e que venha ele, amigo
e que sejam muitos os dias que hão-de vir
e que essa velha tecnologia, a caligrafia, seja escrita de poesia,
tão cheia de luz.
um bom domingo, Manuel
aquele Abraço, caro Amigo
Gostei desta caligrafia íntima. Estou à espera do livro...
Um beijo, meu Amigo.
Não há palavras mortas. Só umas que adormecem mas que algum calígrafo sempre consegue acordar.
Uma "caligrafia" que faz jus ao livro numa
"Flor de sal", que será o tempero de todos o poemas.
Sucesso, Manel!
Beijo
Este teu belíssimo poema, nos possibilita a uma viagem do caminho das
palavras, estas na liberdade do significado poético (na poesia, as palavras
tem vários caminhos a serem entendidos...), a palavra aqui que se destina
num curso tão belo, em explosões de uma imagética que se impõe em gestos,
na originalidade da "Caligrafia Íntima", o poema luminosamente; fogo (sol)
nasce "os dias de porvir"!...
Com certeza o sucesso neste teu livro com um título belíssimo e espelha a originalidade
da tua excelência poética, a ímpar inscrição da Poesia do Manuel Veiga.
Maravilhoso acompanhar (virtualmente) mais um livro do amigo,
com apreço e admiração literária sempre.
Bj.
Palavras tão bonitas e tão cheias de sentimento e de força! Gosto especialmente do «Pórtico da palavra» - muito bonito!
Parabéns!
E parabéns por mais um livro!!
Beijinhos.
Um título que insinua uma ideia de quem se descobre na palavra. Uma intimidade que se derrama como uma carícia. E ilumina. "Bálsamo que seja! E limpe. E arda."
Excelente apresentação!
Apetece ler.
Beijinho, Manuel.
Venha o livro na urgência d'"os dias do porvir", para que se eleve a "flor de sal" desta poesia, a tua.
Abraço.
Imenso é o sentido deste poema como imensos serão os sentidos dos poemas de "Caligrafia Íntima". Um périplo por dentro da " Palavra" a sugar-lhe a seiva, num íntimo ato de amor, rasgando-a e resgatando-a, pela exaltação do poeta, provocando o íntimo prazer da leitura.
Belo poema e muito feliz, para mim, a escolha do título. Gosto muito de "desenhar" as palavras...
Parabéns, Manuel, pelo teu próximo livro. Bj
Relendo o comentário, (... a escolha do título.), esclareço que queria referir-me ao título do livro.
:)
Parabéns pelo próximo livro que, a medir por esta caligrafia, será brilhante.
Beijinho
A arte de escrever intimamente_'coração alma mente' na ponta dos dedos.
Que flameje e seja 'bálsamo'.
Todo o sucesso,amigo
e que a palavra seja grito
purificado
livre
solto
e em total labareda
de fogo
ou sal
muito sucesso...
beijo
:)
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