Sempre agarrada aos
dias, com o andar do tempo,
Tudo passa a ser um
enigma, a idade é uma senhora meio
Amarrotada
A lamber os jornais e a
trocar as linhas
Todas as manhãs.
Acabaram-se de vez as
teorias sobre o silêncio,
É outra a filosofia dos
ruídos do corpo.
Quem não arrebanhou as
metáforas para o inverno da vida
Aquece quando aquece a
língua e arde no frio.
Os dias são muito mais
altos, parecem olhar para cima as
Gargalhadas
Os cães mais
impacientes, mais cínicos,
O meu, que não existe,
aprendeu a ralhar e já não ladra,
Quer ser meu compadre, -
e é isto – um cómico forçado.
Nunca pensei fazer
poemas destes, tão naturalistas.
Andei a reler o Campos,
mas não sei subir à sua metafísica.
O homem estragou de vez
a vida a muita gente.
O Eugénio é que dizia:
Com o Pessoa só de
costas voltadas.
Armando da Silva
Carvalho
“A Sombra do Mar” –
Assírio & Alvim - Março 2017
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