Sou linho
estendido sobre a pedra. (Como mesa...)
E o suor dos
rostos em círculo. Como mito. Sei agora...
E o pão avaro.
E o rito das
mãos de boca em boca
E as gargantas
ressequidas.
Sou o vinho...
E sou a sombra.
E a gota de água.
E a agitação do
freixo. Sou a canícula e sou a raiva.
E a boina descaída
sobre os olhos – basca.
E a precária
sesta na aragem do dia.
Sou a ceifa...
Sou os tordos
espantados de meus olhos
E a voz do amo
E o sol que já
declina...
Sou os corpos
debruçados sobre a terra
E o crepitar do
caule e da espiga.
Sou o fio da
revolta
Que não sabe
ainda...
E neste
horizonte de mágoa
Sou sopro de
bandeira
Sou esta linha
quebrada que explode
E me
incendeia...
Sou este signo
vazio de tudo ou nada.
E o canto das cigarras
que teima...
Manuel Veiga
"Do Esplendor das Coisas Possíveis"
POETICA Edições - Abril 2016
POETICA Edições - Abril 2016
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