Deixo que rios secos e tempestades de sons ausentes
Na memória de outros maios se inscrevam na saliva
Das palavras balbuciadas em que digo amor em fim de tarde.
E assim administrando amoras tardias em círculo de sol dos
Lábios ciosos destes gestos que se derramam inesperados
Frutos desprendendo-se de maduros ou chuvas
Em deserto absorvidas.
Viajo caminheiro sem pressa recostado nas bermas
Celebrando as sombras e as festivas giestas outonais
Sorvendo o mel das silvas soltando revoadas
Tordos espantados que riscam o abismo dos olhos.
E ai me perco nessa voragem matizada de cores quentes
Nos odores persistentes na humidade translúcida dos beijos
Na generosidade dos seios no declive dos lábios e no cio
Das colheitas e na sofreguidão de cestos antes das uvas.
E nas ondas que arrebatam e na ferida aberta
E nesta lava e neste de lume que me consome
E nesta festa a explodir em pulsão de madrugada...
Manuel Veiga
(Poema editado)
9 comentários:
Muito bem. Adorei o seu poema. Lindo mesmo :))
Festejem connosco, os: - "Doze meses de cumplicidade Poética.
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira
Poema traçado com mão certeira
com afeição "sem pressa"
De vida inteira
depois da luta a recompensa
da cor da surpresa
a quem não tem pressa
Como o amor desperta no carreiro!
Abraço, MV.
Mudar o Mundo não custa muito
leva é tempo
Mas que não se apresse o caminheiro...
tarda, não tarda
"festa a explodir em pulsão de madrugada..."
Devagar se vai ao longe...
Excelente poema, parabéns pelo talento (sempre presente, de resto, nos teus poemas).
Caro Veiga, bom feriado e continuação de boa semana.
Abraço.
Em recortes outonais o poeta convoca a natureza e risca os traços fascinantes do olhar.
Meu apreço e um abraço amigo, Manuel Veiga.
Que nunca haja pressa e que saboreies sempre as cores , os sabores e as explosões da madrugada...
Bom feriado e feliz Novembro
Beijo
Lindo poema!
Muito lindo mesmo.
Obrigada por partilhar esse dom
Beijinho
Caminha-se pelas memórias, pelos cheiros, pelo amor...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
...E a pergunta: para quê a pressa, para chegar onde? E depois, fazer o quê?
Depois de algumas pressas, ou tantas pressas, aprendi o passo certo, hoje sou um abre-alas, dou a avenida para os outros passarem...
Belo poema, meu amigo!
Aqui é feriadão, imagine a pressa de chegar! Ou não conseguir chegar...
Um beijo, bom fim de semana.
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