Colapso dos barcos na dança das marés.
E de todas as armadas e todas frotas como cisco
Dos dias poluídos.
E águas límpidas e todos os oceanos. Marés-vivas
E ondas a arrebatar os céus.
E neste rasgo a cor azul será ígnea.
E os olhares serão fronte altiva no espelho das
horas.
E todas as casas serão habitadas quais cabanas
Clandestinas.
E todos os poderes mesquinhos abatidos.
E então todas as flâmulas caladas se poderão erguer
E todas as bandeiras. E todas as rotas. E todos os
caminhos.
E todos os atalhos. E todas as gazuas.
E todas as entradas serão achadas.
E todas as dores. E todas as mulheres paridas
E todas as mulheres perdidas.
E todos os milagres.
E todas as brigas. E todas as facas.
E todas as marcas de meu corpo. Ardidas.
E todas as esperas. E todas as demandas. E todo o
anúncio.
E todos os prenúncios. Serão Palavra tatuada.
E fervor de Liberdade.
Manuel Veiga
6 comentários:
Manuel, esse poema de Saramago, de quem eu sempre gostei, cantado pelo ótimo Manuel Freire (que deu-me a conhecer a Pedra Filosofal, de Gedeão), é maravilhoso. Não tinha escutado por Freire, que lindo!!
Venham leis e homens de balanças,
mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças,
desça em nós o juízo até ao fundo.
Beijo, meu amigo, que bela postagem.
À parte, o comentário para 'Fervor de Liberdade':
E todas as esperas. E todas as demandas. E todo o anúncio.
E todos os prenúncios. Serão Palavra tatuada.
E fervor de Liberdade.
Que força existe nesse poema!
Beijo, meu amigo.
Fervor da liberdade, sempre.
Excelente poema, gostei imenso.
Caro Veiga, bom feriado e bom fim de semana.
Abraço.
Um grito forte....
Brilhante....
Beijos e abraços
Marta
Que dizer a tão ardente demanda?
É um poema inscrito no peito dos que amam a liberdade e dos que usam a palavra como gazua. Fervor esse que, em ti, não me surpreende.
Bravo, meu amigo Manuel Veiga!
Beijo.
E que o "cisco" nos arda no olho do furacão.
Bela a tua poética.
Abraço.
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