Na pele dos dias um arrepio da Memória.
Afluentes a percorrer por dentro os veios
E a argila do sonho. E o destino da água.
E o sortilégio. E a imensidão do lago...
Há neste arfar dos homens um destino mudo.
Suspenso. Como as labaredas de um incêndio
Pressentido apenas no voo inesperado
Dos insectos. E no delírio do restolho.
Somos a massa que fecunda. Elos de um
percurso
Que os ventos traçam.
E de que os deuses zombam...
E, no entanto, nesta ardência da vontade (que se
expande)
Perdura uma febre e uma surda espera.
Como se a Festa de outrora
Mais que festa fosse Aurora...
Ou palavra nova
A despontar no léxico
E na gramática do Mundo...
Manuel Veiga
8 comentários:
Maravilhoso poema... parabéns. Adorei :))
Hoje com: Trilhos da Solidão
Bjos
Votos de uma óptima Noite.
Na Memória residem os nossos passos de outrora e convém percorrer de novo esse caminho, colhendo ensinamentos e inspiração para o nosso presente. O esquecimento não nos liberta. Sejamos realmente a "massa que fecunda". Fertilizemos com os sons da nossa Palavra a gramática do Mundo e não deixemos que os deuses tenham mais poder que a nossa própria vontade.
Gosto muito da sua escrita, meu amigo.
Abraço.
Olinda
Que esplêndido poema, Manuel.
Abraço
Uma maravilha de poema, meu amigo, mesmo!
Abraço ezstreito
Somos a massa que fecunda. Elos de um percurso
Que os ventos traçam.
Lindo demais, belíssima criação, Manuel!
Sobre o vídeo (acima), instrumental é maravilhoso, tenho escutado essa música com Andrea Bocelli e outros tantos, porém prefiro com Luis Miguel.
Um bom domingo, meu amigo!
Beijo
Cada poema, com a tua assinatura, tem a beleza e a sabedoria de "um voo inesperado" a sobrevoar o delírio do restolho
e das águas
e da "pele dos dias".
Que elevação, meu amigo, Manuel Veiga.
Beijos.
Manuel, meu amigo
Este teu poema é uma profundidade rara, construções
imagéticas de beleza e inscrições filosóficas
conceituais, a espelhar uma sabedoria da leitura da
vida no seus mistérios e assimilações enigmáticas,
numa quase improbabilidade de desnudar o
percurso Rio-Vida!...
Cabe ao poeta "na pele dos dias um arrepio da memória"
"Ou palavra nova, a despontar no léxico e na gramática
do mundo..."
Bravo!!!
Um domingo feliz e na paz, poeta.
Beijo.
Zombam sempre, os deuses...meu amigo.
Meu querido poeta, um abraço.
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