quinta-feira, fevereiro 07, 2019

QUE SE SOLTEM OS VENTOS...


Em oceano de sargaços solto
Meus presságios. E inverto o sentido
De meus passos.

Meu relógio (de badalo)
Marca apenas as horas faustas
Que, outras, não quero.

Nem meu nome
É coito de insídias, nem pasto
De perfídias. Nem meu corpo é cacilheiro.

Porém, navio de corsário…

Parto. E passo
De alto – que nada renego.
Nem dou trocado. Nem vendo.

Que se soltem pois os ventos. Que ventos
Não temo. Nem as Fúrias
Que os dizem.

Sei que passo – e parto aliviado.
Pois bem sei de meus passos
Que, sem metáforas, cultivo.


Manuel Veiga

7 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Que dizer? Simplesmente muito belo este poema.
Que a poesia tenha sempre liberdade para assim se soltar!
Um beijinho.
Ailime

Emília Pinto disse...

E nesta " rotação do tempo " sabemos que estamos, sabemos que passamos e também que partimas, mas nunca saberemos como, quando e porquê. E bom que não tenhamos medo dos ventos que sopram, das fúrias das águas das maledicências ditas e escritas, porque o caminho tem que ser feito, os passos têm que ser dados com maior ou menor cautela; têm que ser " cultivados " , com cuidado, um a um e devagar para que um dia possamos dizer" quando chegar a hora " parto aliviado " E assim são os ventos ! E assim é a vida, o nosso tempo! Um beijinho e bom fim d3 semana
Emilia

Teresa Almeida disse...

E cada passo poéico é intenso e profundo. Pleno de sentidos. De vida.
Tua marca de identidade.
E eu delicio-me - como sempre.

Beijos, meu amigo Manuel.

Teresa Almeida disse...

E cada passo poéico é intenso e profundo. Pleno de sentidos. De vida.
Tua marca de identidade.
E eu delicio-me - como sempre.

Beijos, meu amigo Manuel.

Olinda Melo disse...


Bravo! Corajoso e rebelde neste seu poema, caro Manuel Veiga, não deixando nada ao acaso. Os ventos contrairos não passarão. E o importante é traçar o rumo certo para atingir o porto desejado, desprezando, qual Ulisses, eventuais cânticos insidiosos.

Abraço

Olinda

vieira calado disse...

Olá, poeta, boa noite!
Gostei do que li.
Saudações poéticas!

José Carlos Sant Anna disse...

Que se soltem os ventos, um poeta da sua estirpe não quer saber de cais, "pois bem sabe dos seus passos...
Um abraço, caro poeta"

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...