domingo, março 03, 2019

CARNE VALE ...


 Queixou-se uma noviça ao pai honrado
Que da ordem, um tafulão
Lhe tinha quase à força escarapelado
O virgíneo botão: “Gritaste ao menos
Contra o agressor, misérrima tolinha!”
(Exclama o ginja, já todo em furor).

“Não, meu pai, não convinha
(Lhe torna a triste) que era pior mal;
Sendo alta a noite, tempo mui perigoso
De incomodar o meu provincial,
Que com a abadessa estava no seu gozo”.

Filinto Elísio – 1734/1819
Antologia de Poesia Portuguesa
ERÓTICA E SATÍRICA – Natália Correia
Antígona- 3ª Edição – Lisboa 2000


... e quem não gostar de carne que coma peixe!
ou faça dieta!



13 comentários:

Boop disse...

Pois que seja carne!

Ana Tapadas disse...

Grande Natália Correia... e muito a propósito!

Beijo meu

Marta Vinhais disse...

Escolha interessante...
Beijos e abraços
Marta

Graça Pires disse...

Um poema muito a propósito desta época. Magnífica essa antologia organizada por Natália Correia.
Uma boa semana.
Um beijo meu Amigo.

Rosa dos Ventos disse...

Mudam-se os tempos mas não se muda o apetite! :)

Abraço

José Carlos Sant Anna disse...

Bela partilha, meu caro poeta!
O poema é insidioso. E a antologia deve conter outras pérolas!
Um grande abraço,

Teresa Almeida disse...

Natália Correia surpreendeu e continua a surpreender porque há sempre uma nova leitura no caminho percorrido.
Boa escolha, amigo Manuel!

Continuação de boa semana!

beijos.

Ailime disse...

Gostei imenso deste poema, bem a propósito da época que atravessamos.
Não conheço a antologia, que deve estar bem recheada de pérolas poéticas.
Beijinhos,
Ailime

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Manuel, gostei desta sua postagem, CARNE VALE ..., razão pela qual gravei o nome do autor, do livro etc:
Filinto Elísio – 1734/1819
Antologia de Poesia Portuguesa
ERÓTICA E SATÍRICA – Natália Correia
Antígona- 3ª Edição – Lisboa 2000


e não deixei de apreciar o poema, que tem estrofes como esta:

“Não, meu pai, não convinha
(Lhe torna a triste) que era pior mal;
Sendo alta a noite, tempo mui perigoso
De incomodar o meu provincial,
Que com a abadessa estava no seu gozo”.


Agradeço-lhe, amigo Manuel, pelo compartilhamento.
Uma ótima semana.
Grande abraço.
Pedro

Ulisses de Carvalho disse...

Peixe também é carne! Eu que não como carne de nenhum tipo, fico com a dieta, então! Hehe!

Olinda Melo disse...


Tema prenhe de actualidade
mesmo no que se refere a tempos idos
e ao longo dos tempos.

A tentação apodera-se de
quem mais deveria exorcizá-la.
Fracos de espírito dizem que a carne é fraca.
Sinal de que valores apregoados se resvalam
para um nível impensável.

Abraço

Olinda

Agostinho disse...

A inigualável Natália Correia tinha veia própria e sabia escolher.
Quando me surge o seu nome logo me vem à mente o afamado Morgado, distinto e casto deputado do cavaquistão: nem pérola nem botão?!
Abolidas que foram as indulgências e abastinências o Carne-aval tem validade prolongada. Para todo o anos.

Abraço

Agostinho disse...

Todo o ano.

  CADÊNCIAS ... 1. Enamoramento das palavras No interior do poema. E a subversão Do Mundo… 2. Cadências mudas. Em formação De concordâncias....