sexta-feira, maio 31, 2019

POEMA LÍQUIDO


Na suavidade da pele a caligrafia de todos os nomes
Letra a letra. Urdidura dos lábios no percurso
Da sede. E desmesuradas línguas

Notas de um piano a arder na combustão dos corpos
E clandestinas grutas. Como chamas.

Declinamos o tempo no encantamento dos olhos
A derramarem-se por dentro na doçura do rosto
E no sinfónico movimento.

E na incandescência alada dos murmúrios
Assim libertos – grito sustido
No âmago.

A explodir desmedido
Qual poema líquido.


Manuel Veiga



9 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Um luxo de poema, meu amigo Manuel!
Gostei demais, sei que a criação do poeta que não tem fim...

"Declinamos o tempo no encantamento dos olhos
A derramarem-se por dentro na doçura do rosto
E no sinfónico movimento."

Um ótimo fim de semana!
Beijo

Larissa Santos disse...

Um poema excelente:))

Hoje:- Quem me dera voar nas palavras de alento. [Poetizando e Encantando]

Bjos
Votos de uma óptima Noite

Diná Fernandes disse...

Ola Manoel,

Um poema denso e profundo, destaco:
"E na incandescência alada dos murmúrios
Assim libertos – grito sustido
No âmago."

Seguindo seu blog e grata por seguir o meu !

Saudações!

Elvira Carvalho disse...

Gostei de ler.

"Notas de um piano a arder na combustão dos corpos
E clandestinas grutas. Como chamas."

Maravilhoso.
Um abraço e bom fim-de-semana

Olinda Melo disse...


Que dizer de um poema que convida o leitor a urdiduras várias, seguindo percursos incandescentes, num crescendo rumo a um momento preciso em que o poema se cumpre? E o interessante é que ele ganha em intensidade à medida que a desmesura das sílabas se minimiza e apresenta-se tão-só no seu 'âmago/ a explodir desmedido/ qual poema líquido'.

'Ces petits riens' concorrem directamente com o seu poema, meu amigo, porque mesmo sendo pequenos-nadas eles também pretendem representar 'le tout'. :)

Muito obrigada, caro Poeta, por estes belos momentos.

Abraço

Olinda

Genny Xavier disse...

A deliciosa e sensual combinação de palavras celebra sentidos e sentimentos...como melodias que aquecem e toques que rastreiam o frêmito dos corpos.

Bom domingo, poeta.
Beijo,
Genny


Teresa Almeida disse...

Voz doce, passo leve e sofisticado acompanham um poema escrito na sede e no deslumbramento da comunhão dos corpos. Um poema em crescendo que se liquefaz em apoteose.

Beijo, amigo Manuel Veiga.

José Carlos Sant Anna disse...

Nas linhas intensas do poema, a comunhão... é pela palavra que o sujeito acede ao corpo e sacia o desejo como "um poema líquido"...

Um abraço, caro amigo Manuel!

Ailime disse...

Tão belo o seu "Poema Líquido", no amor e paixão que envolve os corpos sedentos.
Um beijinho, Manuel, e uma boa tarde.
Ailime

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