segunda-feira, novembro 18, 2019

HEI-DE PLANTAR UMA ÁRVORE...


Um dia plantarei uma árvore
No meu jardim de prodígios. E hei-de regá-la
Todas as manhãs com o suor do meu rosto
E o melhor de meus afectos.

E até com o sangue de meus pulsos
Se for o caso. Para que a árvore cresça
E floresça. E se desprenda generosa
Em apetecíveis frutos.

E abrirei então, de par em par, meus portais abertos
E hei-de gritar ao Mundo e a todos aqueles,
De amor, famintos…

E a todas as invejas
E a todas as pestes
E a todos os ódios…

“Este é meu corpo, tomai e comei!...”

Mas ninguém de mim espere que ofereça
À ofensa, a outra face. E, de hipócritas perdões,
Me faça espúria Lei…


Manuel Veiga

(Poema editado)

............................................................................................


JOSÉ MÁRIO BRANCO !...




6 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Manuel, é preciso, sim, a reedição de belos poemas, há pessoas que não tiveram a oportunidade de ler.
Gosto muito desse poema, e principalmente do último verso:

"Mas ninguém de mim espere que ofereça
À ofensa, a outra face. E, de hipócritas perdões,
Me faça espúria Lei…"

Belíssimo, forte, aplausos!
Uma ótima semana, meu amigo,
Beijo.

Larissa Santos disse...

Um poema muito bem escolhido...

Hoje : O Meu horizonte adormecido.

Bjos
Votos de um óptimo Domingo

Ana Tapadas disse...

A mais bela das liturgias, meu poeta!

Beijo

Teresa Almeida disse...

José Mário Branco merece a altura deste poema.

E todos os aplausos.


Forte abraço, meu amigo Manuel Veiga.

José Carlos Sant Anna disse...

Note-se como o sujeito projeta o futuro “no seu jardim de prodígios”, tomando-se “prodígios”, ao pé da letra, como um fenômeno que transcende as leis da natureza ou a ordem natural das coisas, para, biblicamente, chegar à eucaristia “ao gritar ao Mundo”, “Este é meu corpo, tomai e comei!...”
com uma certa dose de ironia, pois, contrapondo-se aos dogmas, diz: “Mas ninguém de mim espere que ofereça / à ofensa, a outra face. E de hipócritas perdões, / Me faça espúria Lei.
Note-se ainda a força dos versos finais, no imperativo, quando manifesta sua existência, caso se concretize o projeto idealizado na escrita do poema.
Um abraço, meu caro Poeta!

José Carlos Sant Anna disse...

Leia presente do indicativo em lugar do imperativo. Falha minha.

Para Um Novo Teorema da Fisica Moderna

  dizem expeditos cientistas que o leve bater das asas de uma borboleta à distância de milhares de quilómetros pode causar uma catás...