Um dia plantarei uma árvore
No meu jardim de prodígios. E hei-de regá-la
Todas as manhãs com o suor do meu rosto
E o melhor de meus afectos.
E até com o sangue de meus pulsos
Se for o caso. Para que a árvore cresça
E floresça. E se desprenda generosa
Em apetecíveis frutos.
E abrirei então, de par em par, meus portais abertos
E hei-de gritar ao Mundo e a todos aqueles,
De amor, famintos…
E a todas as invejas
E a todas as pestes
E a todos os ódios…
“Este é meu corpo, tomai e comei!...”
Mas ninguém de mim espere que ofereça
À ofensa, a outra face. E, de hipócritas perdões,
Me faça espúria Lei…
Manuel Veiga
(Poema editado)
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JOSÉ MÁRIO BRANCO !...
6 comentários:
Olá, Manuel, é preciso, sim, a reedição de belos poemas, há pessoas que não tiveram a oportunidade de ler.
Gosto muito desse poema, e principalmente do último verso:
"Mas ninguém de mim espere que ofereça
À ofensa, a outra face. E, de hipócritas perdões,
Me faça espúria Lei…"
Belíssimo, forte, aplausos!
Uma ótima semana, meu amigo,
Beijo.
Um poema muito bem escolhido...
Hoje : O Meu horizonte adormecido.
Bjos
Votos de um óptimo Domingo
A mais bela das liturgias, meu poeta!
Beijo
José Mário Branco merece a altura deste poema.
E todos os aplausos.
Forte abraço, meu amigo Manuel Veiga.
Note-se como o sujeito projeta o futuro “no seu jardim de prodígios”, tomando-se “prodígios”, ao pé da letra, como um fenômeno que transcende as leis da natureza ou a ordem natural das coisas, para, biblicamente, chegar à eucaristia “ao gritar ao Mundo”, “Este é meu corpo, tomai e comei!...”
com uma certa dose de ironia, pois, contrapondo-se aos dogmas, diz: “Mas ninguém de mim espere que ofereça / à ofensa, a outra face. E de hipócritas perdões, / Me faça espúria Lei.
Note-se ainda a força dos versos finais, no imperativo, quando manifesta sua existência, caso se concretize o projeto idealizado na escrita do poema.
Um abraço, meu caro Poeta!
Leia presente do indicativo em lugar do imperativo. Falha minha.
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