quarta-feira, novembro 13, 2019

Vida Em Fingimento Dos Sentidos


Filigrana dos sentidos
E esta ausência
Interior de mim
Escorrendo
Fio a fio

Vida?
A urgência dos corpos
E as sôfregas bocas
E os feminis seios desatando-se
Impossíveis rosas
Em meus dedos.

(Vida agora em fingimento)

Sou talvez
Aquele velho cabeceando
Ou a impaciência
Do moscardo
Ou o grito da gaivota
Lá ao fundo

Ou talvez apenas
A bebedeira de meus olhos
E o infinito-nada deste azul tão claro...
Tão vibrante que arde
E de tão frágil
Se faz mundo


Manuel Veiga


8 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Muito lindo, Manuel, é a sina de todos os que vivem, ora se perdem, ora se encontram na filigrana dos sentimentos. Muita sensibilidade, meu amigo.
Aplausos!
Beijos.

'Filigrana dos sentidos
E esta ausência
Interior de mim
Escorrendo
Fio a fio'

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
A vida sempre a acontecer nas metáforas tão belas com que o Poeta concebe a sua poesia.
Excelente poema!
Beijinhos,
Ailime

Jaime Portela disse...

Fingimentos, há muitos.
Mas poemas deste calibre, muito poucos.
Caro Veiga, continuação de boa semana.
Abraço.

luisa disse...

Lá está, o poeta é um fingidor...
:)

Larissa Santos disse...

Uma publicação brilhante...Lindos versos :))

Do nosso Poeta - Gil António-:-Luz de amor e vida

Bjos
Votos de uma óptima Sexta- Feira :))

Elvira Carvalho disse...

A vida é assim uma delicada teia de sentimentos.
Um poema belíssimo que adorei ler.
Abraço e bom fim de semana

Teresa Almeida disse...

Só quem vive intensamente a poesia consegue projetar os sentimentos como preciosa filigrana.
E este jeito tão especial de a tecer ... embriaga mesmo.

Gostei imenso, meu amigo Manuel.

Beijos.

José Carlos Sant Anna disse...

Gosto desta simbiose, meu caro poeta. Deste modo de inventar-se em palavras para revelar o poeta nesta conciliação de contrários. Não é à toa (para mim, é claro) que o verso (Vida em fingimento) aparece como o liame entre as quatro estrofes. Também o verso "filigrana dos sentidos" diz muito mais que imagina a vã filosofia do leitor. É a palavra-chave para que se esclareçam certas ambiguidades inerentes ao fazer poético desta grandeza.
A verificar também e entender a alegria breve no primeiro momento e a "agonia" do segundo. O que me pergunto é: são aspectos relevantes no poema, ou estou viajando?
É um poema grandioso, de muita elevação!
Um abraço, meu caro amigo Manuel!

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...