domingo, dezembro 08, 2019

A Travessia É Mais Além ...



São de pedra os caminhos de Damasco
E de pedra são as rotas e as distâncias.
E é de areia o rosto das miragens
E são de fel os dias. E de amargura
A água dos rochedos.

São de pedra os trilhos.
E as bocas são a arder
A insónia de serpentes
E labaredas negras…

Soberbos, porém, os dias
Assim cativos de pedras
E de medos.

Manuel Veiga

9 comentários:

Larissa Santos disse...

Gostei de ler :))

Bjos
Votos de uma óptima noite

Graça Pires disse...

E os dias cativos de pedras e de medos deixarão em sobressalto aqueles que sabem ir contra a corrente. Sem regras. Sem lei. Com o cheiro interdito da mudança para que não lhes ardam na boca as labaredas negras…
Magnífico poema, meu Amigo.
Uma boa semana.
Um beijo.

Ninfa Azul disse...

Excelente tu poema,sumergido en lo oscuro,y al final,se deja ver un rayo de luz.

Excelente, sin embargo, los días
Así cautivos de piedras
Y de los miedos.

Un abrazo Manuel

Olinda Melo disse...


Ainda que por caminhos semeados de pedras e abrolhos é fundamental
que acreditemos que alcançaremos o nosso "Shangri-La".
Ainda que semeados de miragens os ventos que afastam as nuvens prenhes
da água que lavará as nossas almas, é mister que a travessia esteja
sempre nas nossas mentes e dela façamos um lugar de chegada.

Sempre a admirá-lo, Caro Manuel Veiga, a si e à sua escrita.

Abraço

Olinda

Tais Luso de Carvalho disse...

É, meu amigo Manuel, ninguém veio nesse mundinho para se divertir, 'as perguntas para quê, por que? sempre presentes. Muitas vezes nossos caminhos se misturam às trevas, noutras vezes à luz. Saber levar sempre será a grande descoberta. Mas olhamos para o lado, o caminho dos outros, e vemos que não é flor que se cheire. Então... tudo está bom demais!
Essa foi a impressão que colhi na primeira leitura desse seu belíssimo poema, muita verdade contida, nos faz refletir sobre os dois lados da vida para nunca cairmos em desespero.
Beijo, uma ótima semana!

Soberbos, porém, os dias
Assim cativos de pedras
E de medos.

Elvira Carvalho disse...

Um excelente poema, para ler reler, e refletir.
Abraço

Teresa Almeida disse...

Um poema de desespero e esperança. A água sabe contornar as pedras, mas é preciso que chova. É preciso agir!

E tu, meu amigo, manejas a palavra sempre com mestria.

Parabéns.

Beijos.

Agostinho disse...

Na espinha dorsal da sujeição - vértebras coleantes, serpente(s) a atear labaredas - está configuração dos dias cativos feitos a areia fel e água. Tributo pelo "pecado original"?
Um poema luminoso, Manuel Veiga.
Vou lendo (por aqui) onde sei haver um filão a conquistar.
Abraço.

Ana Freire disse...

O percurso de todos os conquistadores... daqueles que vão determinados, onde a sua consciência lhes aponta... sejam lugares físicos ou apenas valores que devem ser lembrados ao mundo!...
Com muito bem diz a Elvira... um daqueles poemas para ler, reler e reflectir!
Mais um belíssimo momento poético, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...