sexta-feira, fevereiro 14, 2020

POEMA ABERTO....


Abre-se o momento na grafia do rosto
E liberta-se em busca de uma forma
Outra que o diga sem mácula
E o colha em orvalhadas
Manhãs em esplendor
De corpos nus…

Ou no declive da tarde
A entardecer-se. Dolente …

O tempo é sem circunstância.
Flui apenas na vibração cálida
E no percurso dos olhos. Fonemas
Que arrebatam. E desenham
Na pele acetinada o registo
Das salivas. E o caminho
Das línguas em capricho
De flores, pétala a pétala
Derramadas.

Digo-te então repasto
Que inebria e sílaba a sílaba
Deglutido. Na suavidade dos gestos
E na composição horizontal
Dos mostos a fervilhar
Numa canção antiga
E numa escrita nova
De que és sacerdotisa

E culto.

E poema. Aberto…


Manuel Veiga




12 comentários:

Margarida Pires disse...

Poema deliciosamente sensual e exótico.
Sorrisos de luz.
Megy Maia

Ana Tapadas disse...

Inebriante.

Beijo amigo

CÉU disse...

O vídeo dá consistência ao poema, ou será o contrário? Arrebatadores!

Fique bem!

Olinda Melo disse...


Belo Poema Aberto, com um percurso apelativo rumo ao amor.
Generoso o Poeta que nos permite idealizar e, porventura,
completá-lo com aquilo a que mais aspiramos.

Felicidades para si, Amigo Manuel Veiga.

Abraço

Olinda

Teresa Almeida disse...

Um poema de amor, amor que hoje e todos os dias deve nortear os passos dos homens.

Bravo, poeta!

Forte abraço, amigo Manuel.

Teresa Durães disse...

Um belo poema de amor!

Majo Dutra disse...

Brilhante, na expressão da sensualidade.
Beijo
~~~

Agostinho disse...

Canção antiga, escrita nova!
Assim é. Ninguém melhor do que o Poeta para encenar o Amor. Ele fá-lo em todas as estações, sem agenda prazo. Essa é a sua pena.
Bom.
Abraço.

Genny Xavier disse...

Há poemas que nos tiram o fôlego, pois causam uma pousa na respiração...
Este assim se faz...como uma canção que nos toca.

Boa semana, poeta.

Beijo.
Genny

Ana Freire disse...

Percursos de corpo e alma, neste apaixonante e arrebatador cenário poético, ultra bem complementado, com a respectiva escolha musical!
Mais um extraordinário trabalho, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana

José Carlos Sant Anna disse...

Caro poeta,
quando se fundem os dois momentos: o da escrita e do amor. E como a distinção onde começa um e acaba o outro se torna difícil. Ou simplesmente se fundem. Se confundem...
Para tirarmos o chapéu.
Um abraço, caro poeta!

José Carlos Sant Anna disse...

Leia-se "Para tirarmos o chapéu".

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Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...