quinta-feira, abril 09, 2020

ESTERTOR DE UM MITO




Guardas de Penélope os fios que tecem
Urdiduras. E as lânguidas mãos que cuidam.
E desfazem e refazem teus bordados.

E a mesma febre dos olhos.
E ânforas plenas.
E as distâncias…

E os licores. E os lutos.
E a maturação dos mostos.

E o donaire dos gestos.
E os leitos vazios. E o mênstruo
Dedos de prata e lume
E luas cheias…

E as longas noites. E os dias.
E todas as demoras.
E todas as ausências
Estremecidas
E rezadas.

E todas as portas
Franqueadas.
……………………………………………………………..

Argonauta sem bússola
Assaz perdido. Que a ti aporta
E te diz Mulher.

E por tuas mãos
Destrona Ulisses
E desfaz o mito…

Na demanda
De teu corpo…

Manuel Veiga

21 comentários:

Jaime Portela disse...

Os mitos também podem cair...
Excelente poema, os meus aplausos.
Caro Veiga, continuação de boa semana e boa Páscoa (a possível).
Abraço.

Cidália Ferreira disse...

Gostei bastante! :)
-
Pode um coração ser pequeno e tão grande
-
Beijo e uma excelente tarde
"Vai ficar tudo bem"

Ana Tapadas disse...

O perfeito mundo de Penélope só esperava o rebuliço do amor...

Perfeito poema!

Saúde, meu amigo.

lis disse...

Passando pra saber de Ti e desejar que tudo caminhe bem em família, salvos em casa.E que as demoras dos dias longos sejam rezadas e menos estremecidas.
Cuidemo-nos!
abraço mVeiga

Teresa Almeida disse...

O poeta assume-se sonhador, guerreiro, sobrevoa a heroicidade na demanda de um corpo, mítico que seja.

E seus leitores ganham asas.

Um beijo, caro amigo Manuel.

Teresa Almeida disse...

Deixo, ainda, um abraço pascal.

Que esta quadra seja a ressurreição do melhor do ser humano e do planeta que habitamos.

Luiz Gomes disse...

Boa tarde tudo bem? Procuro novos seguidores para o meu blog. Posso te seguir também. https://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1

Se você me seguir manda o link para o meu blog que eu te sigo de volta.

Majo Dutra disse...

Gosto desse mito de amor absolutamente leal e eterno...
Ulisses deve ter feito por o merecer...
Penépole sempre representou o regresso ao doce lar...

Aplaudo a criatividade do teu poema de bela construção...

Dias de introspeção, inspiração e paz...
Beijinho
~~~~

Agostinho disse...

Os mitos não caem mas estremecem
não se perdem em modas. Disso sabe o Poeta que percorre verso a verso o caminho do mítico corpo.
Em tempo de abissais diferenças, de vida e morte, e de fé na "ressurreição", daqui vai um abraço, Amigo MV, e saúde.

Marta Vinhais disse...

As noites podem ser longas...Os dias também...
Mas o Amor não está perdido...
Lindo...
Boa Páscoa....
Beijos e abraços
Marta

Olinda Melo disse...

Os mitos sustêm-nos. Fazem parte do nosso imaginário e mesmo das nossas memórias. Por vezes, a própria vida desafia-os. Aqui, o Poeta que neste seu belo Poema nos dá conta disso. Como que a fazer-lhe eco eu recordo o que o próprio escreveu em "Argila do sonho":

"E, no entanto, nesta ardência da vontade (que se expande)
Perdura uma febre e uma surda espera.
Como se a Festa de outrora
Mais que festa fosse aurora...

Ou uma palavra nova. A despontar no léxico
E na gramática do Mundo..."

Com palavras novas alimentamo-nos e fazemos as nossas demandas. Mas sempre as mesmas nos nossos sentires.

Abraço, Manuel Veiga

Olinda

teresa dias disse...

Manuel, hoje passei para lhe desejar uma SANTA e FELIZ PÁSCOA. Em casa, em família, com muito amor e serenidade.
Voltarei depois para ler versos seus.
Abraço, muita saúde.

" R y k @ r d o " disse...

Independentemente de ler o texto/poema, aqui inserto, passo a fim de desejar uma PÁSCOA muito feliz, extensível a toda a sua família, independentemente dos condicionalismos inerentes, e impostos, pelo afastamento social e quarentena que, todos nós estamos a viver e a sofrer.
.
Abraço virtual.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


há mitos que estremecem mas não caem

há esperas que duram mas que são um meio de conseguir

e então o amor vença

Feliz Páscoa!

:)

Pedro Luso de Carvalho disse...

Um belo poema, amigo Manuel, inspirado nessas duas imortais personagens, Penélope Ulisses. Bravo, Poeta!

Votos de uma Feliz Páscoa com os seus (e com os cuidados com o vírus).

Grande abraço.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Passo para desejar
Santa Páscoa, cristã!
Que a luz desta manhã
De domingo, no teu lar,
Venha a iluminar
Teu espírito e mente
Com a luz do Onipotente
Senhor Deus Celestial
E que o Cordeiro Pascoal
Seja à tua alma um presente!

Feliz Páscoa a todos! Abraços! Laerte.

Tais Luso de Carvalho disse...

Excelente, lindo, Manuel! E a música é divina.
Quero deixar aqui meus votos de uma ótima páscoa, na medida do possível, meu amigo, a você e sua família.
Isso tudo vai passar e voltaremos a sorrir novamente. Hoje vimos bastante o canal de Portugal SIC. Estamos com vocês!

Beijo. Cuidem-se.

Maria Rodrigues disse...

E por vezes também os mitos são destronados.
Lindíssimo poema.
Manuel, dentro do possível, tenha um tranquilo e bom domingo de Páscoa.
Um grande abraço

Elvira Carvalho disse...

Um excelente poema. Gostei muito.
Abraço e uma boa semana

Graça Pires disse...

Magnífico o teu poema!
Também eu me concedi o direito de esperar Ulisses. A minha fronte marcada com palavras sem destino…
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.

Ana Freire disse...

Uma complementaridade perfeita, entre poema e música, em modo de excelência...
O amor... sempre inspirador de muitos mitos... passados e presentes... que ele continue a inspirar os guerreiros do momento, a fazer deste mundo, um lugar bem melhor... mais solidário, consciente, efectivo e afectivo... e respirável, no presente...
Beijinho!
Ana

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...