segunda-feira, abril 13, 2020

PONTE SUSPENSA ...


Em cada instante um novo instante
Ponte suspensa em cada gesto. Aceno de braços
Que confundem eco e  margem
Sem mais saberem.

Em cada fala a mesma fala
E os soletrados passos da demora
E o adiado momento da desforra.

Na contra-mão de cada passo
O mesmo passo. Quiçá o desembaraço.
Ou o engano que se guarda em brio

Com quem recolhe rebelde
Laço fugidio…


Manuel Veiga


9 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Gostei. Gostei muito! :)
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Existe um raio de sol que todos desejam
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Votos de uma excelente semana! "Protejam-se"

" R y k @ r d o " disse...

E assim se escreve fascinante poesia
.
Uma semana feliz ... Eu Fico em Casa

Boop disse...

Tudo suspenso
Um tempo difuso
Novos caminhos que soam a repetidos.
E laços que fogem por entre os dedos...

(associações minhas...)

Elvira Carvalho disse...

Nunca a frase, viver um dia de cada vez teve tanto sentido.
Abraço

José Carlos Sant Anna disse...

Pois é, meu caro Manuel, a construção do poema nos permite transpor a ponte, ainda que suspensa, para refletir sobre todos os instantes que o ato de viver oferece. E o ato de escrever se sobrepõe a todos esses instantes revelando-os antes de sê-los.
Não preciso dizer-lhe que você sabe fazê-lo...
Abraços, caro amigo!

Teresa Almeida disse...

Esta ponte é demasiado movediça, qual "laço fugidio!
E a poesia balança na busca do instante e do salto à outra margem.


Gosto mesmo, caro amigo Manuel. As palavras obedecem-te.

Olinda Melo disse...


O desconcerto do mundo. Notas, compassos, pausas, repetidos. O mesmo dia em cadência monótona, parecido ao anterior. Passos surdos que se embaraçam no laço fugidio da vida.

Poema belo, caro Manuel Veiga.

Abraço

Olinda

Ana Freire disse...

Uma bela inspiração, que reflecte este momento que atravessamos... em modo suspenso, todos nós.. desde a respiração, aos gestos... para que o resto das nossas vidas, não se apresente de facto, fugidio!... Tal como os nossos laços...
Brilhante momento poético! Beijinhos
Ana

Vanessa Vieira disse...

e assim vamos tecendo nossas estradas! Buscando sentido, puxando os fios das meadas!!! Gostei desse jeito subentendido de escrever!


Um abraço poeta!

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...