domingo, setembro 20, 2020

Desfazer A Tenda...

 

Desfaz a Tenda dos Milagres, poeta

Pois que, a ti, te bastam os ecos

E o topo das montanhas

Que são vertigem…

 

E afasta este azul tão nítido

Tão líquido azul que magoa. E se perde

Lá ao fundo…

 

E cala o sonho do sonho

E a asa. E o golpe que por vezes assoma –

Verso que desponta no reverso

 

E inebria.

 

E cala também o beijo dos amantes.

E os dias de verão

Assim inverno…

 

Que este vinho antigo

E este lastro

É quanto

Bastam…

                        

Manuel Veiga





13 comentários:

© Fanny Costa disse...

Ah, o poeta, esse ser que nos abraça quando a solidão se alastra nos caminhos do amor. Nem a poesia é capaz de reverter tanta dor...nem os nossos olhos têm a capacidade de vislumbrar a beleza que nos rodeia. Tudo é sombra, são sonhos desmoronados, são utopias sem o sorriso do sentimento.
Um abraço de Luz

Maria João Brito de Sousa disse...

Lindíssimo, Manuel!

A mim me basta, sim, isso a que chamas vinho antigo que, para mim, não tem álcool... mas embriaga.

Abraço!

Boop disse...

O que eu gosto desta música!

Teresa Almeida disse...

A poesia só pode ser cume, vertigem, vinho antigo (depurado). Sim, é ao alto que os ecos se repercutem.
O desnorte é tanto que apetece sair do marasmo.

Beijo, poeta.

Graça Pires disse...

Fui apanhada pela vertigem da montanha e agora bebo o teu vinho antigo para ficar presa à sedução desse azul que dói... Magnífico poema, meu Amigo Manuel!
Uma boa semana com muita saúde para ti e toda a tua família.
Um beijo.

Elvira Carvalho disse...

Um excelente poema.
Abraço e saúde

Peço desculpa por este copy e past, mas penso que os amigos merecem uma explicação para a minha ausência. O meu pc estava constantemente a encerrar-se. Como ainda estava dentro da garantia foi para a Worten. Depois de duas semanas telefonaram-me para o ir buscar, disseram que o computador lá nunca encerrou, e que o problema devia estar na tomada em casa. Chamei um eletricista que testou a tomada e disse que não havia qualquer problema na mesma. O que é certo é que o computador continua a desligar-se. Esta manhã aproveitei o filho estar de folga para o levar de novo para a loja. Agora estou com o portátil do filho quem me emprestou para que possa programar as postagens para alguns dias até ver se resolvo o problema.

Cidália Ferreira disse...

Uau! Mas que belo!! :))
-
Palavra mágica...Obrigada/Gratidão.
-
Beijos, e uma excelente semana!

Olinda Melo disse...


O meu querido Poeta com um Poema dorido, no qual
adivinho um certo desencanto.

Não desmanche essa "tenda" porque os milagres
acontecem quando menos se espera.

E esse azul líquido, lindo, não magoará
sempre, embora tempestades nele possam espelhar-se.

No "verso que desponta no reverso", residirão
momentos de puro encanto. E que, talvez, inebriem.

Encantada com a sua escrita.
Mais uma vez, aqui, a declarar-lho. :)

Abraço, Manuel.

Olinda



Ulisses de Carvalho disse...

Caro Manuel, estive ausente do universo da blogosfera, mas valeu a volta, é um prazer vir aqui e ler teus versos, tens um estilo que é capaz de te identificar com clareza dentre tantos. E Chico Buarque é um dos letristas que mais admiro na música brasileira. Um abraço.

Juvenal Nunes disse...

Há no seu poema algo de terminal, mas que, ainda assim, consegue fechar em celebração.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes

Pimenta Mais Doce disse...

Olá!!! Gostei muito da tua poesia e realmente ao ler faz-nos pensar muito sobre tudo em geral.
Segui o teu blog, quero convidar-te a visitar e a seguir o meu de volta se quiseres! <3

pimentamaisdoce.blogspot.pt

SOL da Esteva disse...

Mantém a tenda onde te abrigas,
E guarda o vinho no coração,
Porque os milagres em duas Vidas
Não acontecem do pé p'ra mão.

Poema excelente. Parabéns.


Abraço
SOL

José Carlos Sant Anna disse...

A cada oscilar do pêndulo a vontade de desfazer A Tenda. Mas é só uma vertigem, caro Manuel, logo depois algo germina, floresce, sobretudo para quem tem o vinho... E "eternamente, Iolanda"
Um grande abraço, caro Manuel!

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