quarta-feira, setembro 16, 2020

PLANURAS E CÍRIOS EM FLOR


1.

Acendem-se brisas

E amanhecem potros

Pradarias

Nuas.

 

Grutas. Abruptas.

Veredas líquidas.

Planuras…

 

E o tropel

Das bocas…

2. 

Simulacro dos corpos

E apenas um corpo arde

        

Chama na polpa

Dos dedos sobre

A pele

 

E círios em flor

Sobre os altares

Em fervor

De lábios

E sede

……………

E todos os cristais

Acesos.

 

Manuel Veiga



10 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema belíssimo em que as metáforas tomam corpo em magníficos movimentos de arte poética.
Um beijinho,
Ailime

" R y k @ r d o " disse...

Pura sedução poética que gostei de ler
.
.
Cumprimentos

Teresa Almeida disse...

Podemos dizer o mesmo de muitas maneiras, ma há quem conheça - a fundo - o poder e a chama da palavra. E os cenários são de surpreendente criatividade.

Beijinho, amigo Manuel

Cidália Ferreira disse...

Gostei :)
*
Pensamentos confinados...
*
Beijos, e uma excelente noite

Tais Luso de Carvalho disse...

A elegância da escrita desses versos não tem limites, né meu amigo? É sua marca, a altives e elegância com que manipula as palavras na formação dos versos. Gostei muito!

"Grutas. Abruptas.

Veredas líquidas.

Planuras…"


Beijo, Manuel. Um bom fim de semana!

Jaime Portela disse...

Mais um brilhante poema.
Onde o talento está bem aceso.
Bom fim de semana caro Veiga.
Abraço.

Olinda Melo disse...


Sempre com uma forma de dizer que deixa ao leitor
o poder de interpretar o percurso que as palavras
induzem.

Na criação desse mundo meio sagrado meio
pagão encontramos técnica e emoção, que se aliam
harmoniosamente.

Grata por estes belos momentos de leitura poética.

Um abraço, Manuel Veiga.

Olinda

José Carlos Sant Anna disse...

Que bela contenção discursiva, meu caro poeta. Apenas três verbos acender, amanhecer e arder e uma bela pulsão erótica que arrasta o leitor para a reciprocidade dessa relação. Só aplausos para quem sabe o que diz e como dizê-lo!
Ah! E Binoche? Basta vê-la em repouso sob a a luz.
Forte abraço, meu caro poeta!

Ana Tapadas disse...

Palavras dançantes, plenas de significação...

Beijinho

Rogério G.V. Pereira disse...

Neste momento preciso
Resta-me sonhar com isto

E será um poema de sonho

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...