Na nudez das palavras
E
limite da língua onde fremem
Desígnios
desencontrados. E ecos.
E
todas as possibilidades se acrescentam
Invisíveis
fios que as moldam …
Na
cisão vertical do tempo
A
fender destinos e a separar águas
Mergulho
matricial dos corpos a dissolver
Esquírolas
e viscosidades …
Na
luminosa claridade de gestos
Partilhados.
E de rebeldias sem mácula.
E
no apodrecimento da memória
Ainda
que persistência tolerada
.
No
alvor dos ritmos.
E
no fragor das torrentes subterrâneas
Onde
se anunciam – não oceanos –
Mas
viço das flores. E a mansidão
Das
searas.
Nesta
florescência dos sentidos
Em
que me digo. E nego.
Te
proclamo tema.
E
poema.
E
gramática
E
de meus dias.
Manuel
Veiga
5 comentários:
São as vidas complicadas e desencontradas, que complicam o curso natural e mais tranquilo dos nossos caminhos. A vida sempre será algo que jamais entenderemos, por mais que procuremos as respostas.
Essa é a minha interpretação de tão lindo poema, a gramática é algo complicado, para domá-la, vão anos! Belíssimo poema.
Uma boa semana, meu amigo,
beijo!
"Na luminosa claridade de gestos
Partilhados. E de rebeldias sem mácula.
E no apodrecimento da memória
Ainda que persistência tolerada"
Excelente poema.
De uma criatividade notável.
Continuação de boa semana, caro Veiga.
Abraço.
Mesmo que a gramática da vida tenha regras, temos que ser nós a traçar o nosso próprio caminho.
Abraço poético.
Juvenal Nunes
"Nesta florescência dos sentidos
Em que me digo. E nego.
Te proclamo tema.
E poema."
E tua palavra, sufragada na turbulência, surge nua, viçosa, rebelde e desafiadora.
Beijos, meu amigo Manuel.
Caro Manuel, muito bom reconhecer na “gramática dos dias” um caminho. Ou melhor, a construção de um caminho. A revelação de um caminho ao se reconhecer na gramática e, progressivamente ir-se revelando pela relação que consigo se mesmo estabelece, tendo a palavra, a escrita, como a mediadora das suas ações. Bravo poeta!
Um forte abraço, meu caro e estimado amigo!
Enviar um comentário