Generosos são os deuses que tecem filigranas
No corpo da noite
Sempre ali estiveram as ilhas.
Meus olhos é que
tardaram
Nessa bebedeira do
sonho...
O voo é esta
reclinação do tempo.
Desprendo-me de mim. E
mergulho no magma.
Como outrora a
cobiça dos impérios
Criava
tempestades...
Pepitas luminosas
no colar de Athena
As ilhas sempre
ali foram. Homens e impérios
As profanaram no
impudor da guerra.
E no delírio das
vitórias.
Gargantas bárbaras por onde escorre vinho
Generoso. Subtil
veneno que entorpece
Como lento remoer
da insubmissa espera...
Sou herdeiro desta
miragem. Da infinita doçura
Que sara os
golpes. E da mão que vinga.
E do apolíneo
gesto que rasga a pedra.
E do bronze da história que clama.
E que reclama. E
dos hercúleos pilares
Que sustêm a
Europa. Néscia.
.....................................................
Regresso agora.
Ítaca reinventada.
Pátria-minha. Ferida
aberta...
Manuel Veiga
15 comentários:
Numa breve passagem - com mensagem colada - a fim de poder chegar a todos. Desejando que todos se encontrem bem de saúde. Obrigada a todos por não me terem “abandonado” Voltando, conforme o tempo me permitir. :)
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“ Liberdade hipócrita ”
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Beijo e um excelente Fim de Semana;-Prolongado.
A "bebedeira do sonho" provoca esta viagem poética a aflorar as feridas da humanidade. E desata a voz insubmissa e reclama. É, ainda, doçura que sara.
Meu amigo Manuel, como eu gostaria de extrair as pepitas que iluminam o teu poema.
Beijo.
Que belo poema, meu amigo Manuel, como sempre você nos oferece esse inspiradíssimo poema em meio a esse conturbado momento de nossas vidas. É um período em que a poesia cai muito bem, suaviza um pouco nossos dias após assistirmos os noticiosos, o famoso gráfico dos óbitos e contaminados...
beijo, uma suave semana!
"O voo é esta reclinação do tempo.
Desprendo-me de mim. E mergulho no magma.
Como outrora a cobiça dos impérios
Criava tempestades..."
OLÁ, BOA TARDE! ADOREI O SEU BLOG, MUITO LINDO. JÁ ESTOU SEGUINDO VOCÊ. ABRAÇOS. ELISABETE.
Olá! boa tarde. Passando para te desejar um bom domingo. Gostei do seu blog, já estou te seguindo.
Bjs.
Um poema sublime!!!
Boa semana
Beijinhos
Também sou Penélope. E concedo-me o direito de esperar Ulisses, ou um poema...
Que belo poema, meu Amigo!
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
A vida tem sempre esse dualismo entre a ferida aberta e/ou a cicatriz indisfarçada.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Feridas existem, meu caro amigo, que jamais cicatrizam de todo...
Belo poema.
Beijinho e bom feriado
Sim, as ilhas sempre ali estiveram. E mesmo
que a inclinação do eixo da Terra diga o
contrário, Ítaca sempre ali estará, onde
Penélope espera o seu Odisseu.
E a Europa, eterna menina, néscia talvez,
encontrará nos pilares de Hércules a força
e a inspiração para se suster de pé.
Um renascimento... Quem sabe?!
Belo Poema, amigo Manuel Veiga. Gostei
muito de acompanhar Penélope nesse seu
fiar e desfiar dos novelos que compõem a
História.
Abraço
Olinda
Neste momento também sou um pouco dessa Penelópe , que espera um Ulisses em forma de esperança neste tempos estranhos.
Um poema histórico mas onde devemos ler as suas entrelinhas.
Muito bem concebido.
;)
E, de repente, olho do alto da Acrópole esse deslumbrante colar de ilhas-pérola!
Beijo
Poesia muito inspiradora.
Boa noite Grande Poeta,
Um poema muito belo esculpido pela sua tão elevada cultura Poética.
Li e reli e adorei!
Um beijinho.
Ailime
Penso, caro poeta Manuel Veiga, que o maior elogio para o poeta é debruçar-se sobre o poema não apenas para uma leitura, mas muitas delas e, mais ainda voltar ao poema outras vezes. Assim eu fiz com esse seu "Ao Encontro de Penélope", caro Manuel, (além disso lembrei-me da excelente interpretação de Kirk Douglas, interpretando Ulisses e Silvana Mangano na magistral interpretação de Penelope).
Uma boa semana meu amigo Manuel.
Grande abraço!
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