sábado, março 27, 2021

COMO SE FORAS...

 


Antes do magma. Nesse eterno lugar,

Mero enunciado das coisas

E todos os nomes.


Nessa órfica placenta, onde 

Se desenham todos os rostos

E a linha das mãos é arbítrio

E precoce carícia...


E todas as coisas fluem

Em sua mútua simpatia

E singular gesto de se enunciarem 


Nesse mundo orquestrado

Na usura de absolutos silêncios

E ignotos territórios ...


No infinito-presente

De todas as singularidades 

Ergues-te do barro e te sublimas

E explodem, então, todas as cores

E se fecundam solares

Todos prenúncios


E te digo Sibila. E te nomeio depuradora

De essências, em mar de miasmas…

Como se foras, mais que fantasia, poema.


E amorosa invenção minha.


Manuel Veiga 


16 comentários:

Janita disse...

Num mundo orquestrado por vontades de dúbias intenções, falsidades e mentiras, é bom encontrar na poesia o bálsamo para dores e mágoas.
Achei enternecedora a frase final, ou melhor, o último verso deste seu poema.
A 'amorosa' invenção do poeta. Tão bonita essa forma de terminar um poema.

Um abraço, bom domingo.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Um admirável poema, de rara inspiração, caro Manuel.
Um tema atraente tratado com rara beleza.
Parabéns, Poeta!
Um boa semana, amigo Manuel Veiga!
Grande abraço.

Marta Vinhais disse...

O que seríamos sem a doce fantasia para abrir a alma??
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Graça Pires disse...

Amorosa invenção tua, sim. Os teus poemas estão cada vez mais belos e profundos, meu Amigo!
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.

José Carlos Sant Anna disse...

Que arranjo poético em que se nota a simbiose entre o sujeito enunciador e o objeto do seu discurso, resultando na reinvenção da linguagem para consumar o poema depois da "depuração das essências".
Como promete esta "coreografia"!
Um abraço, caro amigo Manuel!

Teresa Almeida disse...

E tudo flui e se sublima nesta fabulosa criação literária. É barro, é prenúncio e é a depuração de algo maior. O poeta tem o poder da palavra. Faz acontecer o poema. Personifica-o. Ama-o.

Beijos, meu amigo Manuel.

Ana Tapadas disse...

Um hino!

Beijo, meu amigo.

Elvira Carvalho disse...

Mais um poema que gostei muito de ler.
Abraço, saúde e boa semana

lis disse...

'Mais que fantasia' Veiga _bem mais !
fica os abraços

Maria Rodrigues disse...

Profundo, sentido e belo poema.
Abraços

Canto da Boca disse...


As trombetas poéticas anunciando que vêm aí, mais uma bela e irretocável criação no sagrado livro do gênesis da poesia!

Que coisa linda!

Abraço.

:)

Olinda Melo disse...

Bom dia, Manuel Veiga

Não posso deixar de ligar este belo Poema "Como se foras..."
a outro que publicaste em Fevereiro, "Invenção Minha...",
num intento, como leitora atenta, de encontrar laivos de um
certo aperfeiçoamento.

E vejo que essa "Invenção", mais que fantasia, deixa a sua condição
humana, erguendo-se do barro, e nomeia-la Sibila, mulher/oráculo,
ou feiticeira, depuradora de todas as impurezas...

E a introdução, épica, presenteia-nos com versos do mais belo que
tenho lido.

Um abraço
Olinda

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, meu amigo Manuel, esse é um belo poema para mais de uma leitura e para nossa reflexão! Uma linda e interessante construção, para uma interpretação livre.
Um beijo e uma feliz Páscoa junto aos seus queridos.

Jaime Portela disse...

Gostei imenso do poema, é excelente.
Bom fim de semana e uma Páscoa Feliz, dentro do possível, caro amigo Veiga.
Abraço.

SOL da Esteva disse...

"Coisa" bela, "como se foras..."
Constata-se que não há invenções. Só constatações de que há Amor.
Parabéns, Amigo. Páscoa Feliz.

Abraço
SOL da Esteva

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

MV

um poema bonito fechado a chave de oito

e amorosa invenção minha.

e ficou tudo explicado.

Aproveito para desejar os meus votos de Felizes Páscoas.

Muito obrigada pela sua visita.

Beijinhos e bom fim de semana.

:)

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...