domingo, março 21, 2021

Paisagem Corpo De Mulher...

 

Inebriantes a oculta linguagem dos lugares

E as pequenas coisas que iluminam

As veredas. E o polifónico canto

Que se liberta do regato

E o raio de sol preso

Em timbres de luz

E sombra...

 

A paisagem é corpo de mulher. Derramado

E em impudicícia exposto. Vale fendido e fermentação.

Passagem íntima de águas subterrâneas

Em circuito de sémen. E bálsamo.

Na íntima fusão da água

E a pele sedenta...

 

Ou talvez seja apenas o frágil vime

Desdobrando-se na cálida solicitude da brisa -

Mulher ainda no fulgor doirado abelhas

E dos insectos no remansoso

Cair da tarde...

 

Ou o mergulho de crianças leves. E breves.

Em pagã floração da vida.

 

Ou talvez seja a toalha alva agora.

Por onde tomba a palavra solta.

E se aninha - como migalha inesperada!...  

O sortilégio dos nomes. E se imiscui sem cuidados

O perfume raro em que nos damos…

 

Manuel Veiga

(Poema editado)





14 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo poema, Manuel.

Um abraço

Juvenal Nunes disse...

A paisagem-corpo de mulher é a que mais fundamente se imprime na alma do amador.
Abraço poético.
Juvenal Nunes

Elvira Carvalho disse...

Tão belo amigo Manuel.
Abraço, saúde e boa semana

Teresa Almeida disse...

Os poemas estão ao teu alcance e um perfume raro traspassa-os nas palavras em que te ofereces, poeta.
Este poema inscreve-se na natureza deste cavalo à solta.

Magnífico, meu amigo!

Beijos.

Boop disse...

Mulher é tudo isso.
E será mais...
E às vezes menos...

Teresa Almeida disse...

"trespassa-os", queria eu dizer.

Olinda Melo disse...


Celebração do corpo da mulher!
Ao percorrer o Poema temos a sensação de que o Poeta
sente essa paisagem de difícil e misteriosa apreensão. E
desenvolve-a de forma bela, em crescendo, com a conjunção "ou"
a marcar o ritmo, chegando de forma apoteótica aos seguintes
versos:

"Ou talvez seja a toalha alva agora.
Por onde tomba a palavra solta.
E se aninha - como migalha inesperada!...
O sortilégio dos nomes. E se imiscui sem cuidados
O perfume raro em que nos damos…"

Adorei, Manuel Veiga.
Um abraço.

Janita disse...

Com a imaginação e a criatividade poética desenfreada, qual cavalo à solta, vai o Poeta espalhando rompantes de extrema beleza e ousadia... juntando palavras, às quais chamamos: POESIA!

Um forte aplauso.
E um abraço também.

Canto da Boca disse...

Que extraordinária ode ao desejo, ao amor, ao seminal, ao que sempre nasce...

:)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

MV

Um poema cheio de sensibilidade e amor.
Em homenagem à mulher.
Gostei!

:)

Jaime Portela disse...

Excelente poema.
Gostei imenso, como sempre.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Abraço.

Tais Luso de Carvalho disse...

Maravilhosa homenagem à mulher, Manuel!
Um belo poema contornado de belas palavras e ricas metáforas.
Que pena não poder escutar o vídeo, estamos esperando a 'onda baixar' para levar os computadores na oficina.
Só conseguir ver a harmonia do galope na bela natureza!
Um ótimo fim de semana, meu amigo!
Beijo!

São disse...

Excelente fundo musical para um belo poema que glorifica a Mulher!

Para ti e família uma doce Páscoa, meu amigo.

Te abraço :)

José Carlos Sant Anna disse...

Apenas refletida a paisagem no espelho de água, e luz e sombra, desenho a giz, pelas mãos estendidas do poeta...
Abraço, caro amigo Manuel!

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