segunda-feira, abril 05, 2021

POEMA DE AMOR, DE ABRIL ...

 

Visto-te de vermelho

E em nudez alva te lavro

Seara e gleba

Te desbravo

E te digo

 

E sou brado

E sou arado

E tu és grito

E eu sou bardo

 

E sou também marinheiro

Corpo do povo inteiro

E tu és raiz.

 

E uma canção intemporal

Terra sem amos se quis

E poemas mais de mil

E espingardas

A florir

 

E essa coisa de novo

De vermos soldados e Povo

A gritar do mesmo lado:

A terra a quem a trabalha

 

E agora aqui chegados

Há um vermelho que resiste

Com que incito teu ardor

Eu sou caule, tu a flor

E em abraços nos damos

Em fulgor de liberdade

Trazendo novas à cidade

Dos sonhos enfim perdidos

 

Que continuam a florir

Enquanto alguém quiser

Em poema de amor, de Abril

Tu toada e eu verso fa(e)bril

Reinventar o mês de Maio

E a força do Trabalho

 

Tu a forja e eu o malho!

 

Manuel Veiga

 


18 comentários:

Janita disse...

Belo poema em louvor de uma sempre
renovada epopeia.
O cravo, o vermelho, o povo.
O tempo que avançando
tudo colhe e tudo semeia.

Um abraço Poeta.

Maria João Brito de Sousa disse...

Forte abraço forjado em Abril, Manuel!

Pedro Luso de Carvalho disse...

Pois é, amigo Manuel, certamente parte da inspiração (se é que podemos dividi-la) veio da primavera que está a florir campos e jardins e a perfumá-los, no seu Portugal.
Muito bom ter lido esse seu belo poema. Parabéns. Uma boa semana, com saúde.
Grande abraço, amigo.

Teresa Almeida disse...

Só pode ser vermelho de papoila, de cravo e de sangue, só pode ser seara e brado e povo inteiro, só pode ser de Abril este poema de amor.

Manuel, querido amigo, eu já tinha lido e lerei de novo.
A poesia é uma deusa que te habita.

Viva Abril!

Beijos.

Tais Luso de Carvalho disse...

Manuel Veiga, o Poeta! Nota-se que a primavera está em Portugal, época de encantamento, de renovação, e de belos poemas! Sem dúvida a mais bela estação. Pois aqui está um deles, mais um lindo poema!
Poema a ser lido muitas vezes pela beleza de cada verso, de cada estrofe. Belíssimo.
Uma boa semana, meu amigo, com saúde, paz e esperança!
Beijo.

São disse...

Belo casamento entre a paixão e a luta....

Beijinho

Manuel Veiga disse...

Tais, minha amiga,
estás a ser injusta com os Poetas do Brasil
Portugal não tem dimensaã para "Poetas" com Maiúscula

comem-se uns aos outros rs (falo seriamente)
gosto de dizer que sou escrevente de Poemas!

um beijo primaveril para ti

Juvenal Nunes disse...

Um poema muito inspirado e conclusivo.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Emília Pinto disse...

Portugal é pequeno, como bem dizes à nossa Amiga, Tais Luso e, confesso, Manuel, que eu só tive noção da sua pequenez ( em área..claro ) depois que emigrei para o Brasil; aí, sim, constatei que Portugal era um " ovo ". Mas, aqui, neste teu poema, não estás a falar da dimensão do nosso país; sim, a primavera chegou, o sol começou a dar-nos a sua luz, os jardins enchem-se de flores, mas, Abril, para nós portugueses, tem um sabor especial, sabe a liberdade, tem o perfume dos cravos, a cor vermelha da paixão, paixão que levou uns tantos corajosos a libertarem o seu pais sem derramanteo de sangue, também ele vermelho. Lembro desse dia, apesar de, só depois de ter acontecido, entender de facto o que ele representava para todos os portugueses. Manuel, esta pandemia não vai deixar, mais uma vez, que se faça uma grande festa no próximo dia 25, mas, tenho a certeza, todos se lembrarão da importância que esse dia tem. Um beijinho, Manuel e obrigada pelo belo momento de poesia. Concordo....o Brasil também é riquissimo em literatura, seja ela poesia ou prosa. SAÚDE para todos, Amigo!
Emilia

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Tão belo, mas tão belo o seu poema de Abril!
O melhor poema que li sobre a Revolução.
Parabéns, Poeta!
Um beijinho e saúde.
Ailime

Olinda Melo disse...


"Espingardas a florir"
Bela imagem da Revolução de Abril. E só poderiam ser de amor
as palavras ditas neste Poema de rara beleza. Igualam-se
a liberdade.
Dos sonhos perdidos outros florirão enquanto houver homens
e mulheres de boa vontade.
Grata, Manuel, por ofereceres à nossa leitura estes momentos
de Poesia, da melhor.
Grande abraço
Olinda

José Carlos Sant Anna disse...

Caro Manuel,
Algo assim é o que se pode chamar de semeadura e tem que ser um bardo na acepção da palavra, aquele que sabe brincar com as palavras como fazes também. Rendo-me à beleza do seu poema!
Um abraço, Poeta!

José Carlos Sant Anna disse...

Leia-se "como o fazes tão bem".

Jaime Portela disse...

Um poema de amor e liberdade.
E os soldados e o povo também se juntaram num ato de amor na luta pela liberdade.
Excelente.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.

Graça Pires disse...

"Corpo do povo inteiro". Neste vermelho que resiste não vejo só os cravos, mas o olhar dos que acreditam e acreditando se salvam de tanto atentado à nossa democracia. Um poema maravilhoso, meu Amigo.
Muita saúde.
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Maria Rodrigues disse...

Uma sentida e bela homenagem a Abril, à revolução dos cravos, aos sonhos de outrora e ás esperanças, que sempre existirão no coração dos ainda acreditam.
Maravilhoso momento de poesia.
Beijinhos

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Belo poema, Manoel! Gostei! O caule e a flor... E a primavera e o amor! Parabéns, amigo! Abraço fraterno! Laert.

Agostinho disse...

Com a qualidade que já sabemos.
O sonho é flor de bardo
marinheiro e soldado
É bom cantar
para não esquecer
a cor e o tom
o bom cantar
de Abril

(há por aí uns emplumados
répteis dissimulados.
Saídos da toca julgam-se asados
e azados.
O seu desígnio é enganar.
São barítonos de ofícios fúnebres)
Abraço.

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